A
luta pelos Direitos Humanos na Internet cumpre nove anos
Por
Antonino Condorelli
Para
quem vive no Brasil, especialmente no Rio Grande do Norte,
e milita na luta pela defesa e promoção dos direitos fundamentais
da pessoa humana, o 1º de maio não foi apenas o Dia Internacional
do Trabalho: foi o nono aniversário do lançamento no ar da
DHNET
– Rede Direitos Humanos e Cultura, site que atualmente
possui o maior e mais completo acervo de dados e informações
sobre Direitos Humanos e Memória Histórica em língua portuguesa.
A
DHNET é uma central multimídia com centenas de megabytes de
vídeos, material em áudio, textos, fotos, desenhos e animações.
Nasceu nesta província brasileira perdida na esquina do continente,
este Nordeste profundo que demonstrou que, além de miséria
e retirantes, também é capaz de produzir maneiras revolucionárias
de conceber e praticar a luta pela transformação social.
O Rio Grande do Norte, que no século passado foi teatro
de experiências sociais entusiasmantes como a campanha
“De Pé no Chão Também se Aprende a Ler” de Djalma Maranhão
em Natal (1961) e as 40 horas de Angicos de Paulo Freire (1963),
é o pano de fundo de um punhado de militantes dos Direitos
Humanos que, no começo dos anos Noventa, se perguntaram que
tipo de relação podia existir entre realidade virtual e luta
social.
Eram
os mesmos visionários que em 1986 tinham dado vida ao Centro
de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP), continuando
a trajetória da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese
de Natal, e já tinham utilizado as ondas do rádio e da televisão
como instrumento de luta, especialmente com a experiência
da TV Memória Popular.
Em 1º de maio de 1995, dia da entrada oficial do Brasil
na Internet, a DHNET foi lançada no ar na forma de BBS (Bulletin Board System) e, três anos depois, virou o que é hoje: a maior
central de informações sobre Direitos Humanos e Cidadania
em língua portuguesa, temperada com massivas doses de arte,
cultura e memória histórica.
Mas quem nove anos atrás fez
a DHNET, junto com novos integrantes que se juntaram ao longo
do trajeto, não parou de desbravar caminhos nas relações possíveis
entre modernas tecnologias da comunicação e luta pelos Direitos
Humanos. De fato, em 10 de dezembro deste ano, será lançado
o primeiro embrião do Guia RN de Direitos Humanos, que
possuirá toda a informação sobre acesso à defesa dos Direitos
Humanos, memória histórica e cultura de cada um dos 167 municípios
do Estado. O embrião conterá todas as informações relativas
aos 10 municípios atingidos pelas Caravanas de Direitos Humanos
que estão sendo realizadas desde março: Natal, Macau, Areia
Branca, Parnamirim, Carnaubais,
Caicó, Macaíba,
Ceará-Mirim, Pau dos Ferros e Mossoró.
Todas as informações contidas no Guia, por cada município,
serão divididas nas seções: Executivo, Legislativo, Judiciário,
Ministério Público, Mídia, Sociedade Civil Organizada, Educação
em Direitos Humanos, Memória Histórica, Arte e Cultura, Central
de Denúncias.
O Guia RN, por sua vez, será o primeiro passo de um projeto
de proporções bem maiores: o Rede Brasil de Direitos Humanos,
a suma de 27 guias estaduais, que atingirá todos os 5.561
municípios do país.
Passaram nove anos, mas o entusiasmo de quem faz a DHNET
é o do primeiro dia. A luta pelo respeito universal dos direitos
da pessoa humana está bem longe de acabar, mas não vamos vacilar:
até que em nós haja um sopro de vida, continuaremos espalhando
conhecimento e cultura dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Parabéns, DHNET!