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1996
IX Encontro Nacional de Direitos Humanos do MNDH
1996, Brasília/DF

 

Relatório do IX Encontro

Anais do 9º Encontro Nacional de Direitos Humanos Violência no Brasil Neoliberal: Desafios e Perspectivas para os Direitos Humanos

Brasília/DF
29 de fevereiro a 3 de março de l996

 

INDICE

1. Apresentação

2. Relatório

3. Anexos

3.1 Discriminação Sócio/Racial, Ideologia e Prática do Estado Brasileiro

 

 

 

1. Apresentação

O Movimento Nacional de Direitos Humanos encontra-se num estágio ímpar de sua história. Após mais de 13 anos de atuação em Defesa da Vida, contra a Violência, por meio do combate direto e indireto às diversas manifestações de violações aos Direitos e a dignidade humana, é impelido a rever sua prática, seu método de abordagem e a sua própria identidade, uma vez que, hoje, não tem atendido aos anseios do conjunto da militância e às exigências da atual realidade. Por essa razão a responsabilidade, do conselho de dirigentes e do secretariado regional e nacional sem dúvida aumentou, pois deles esperam os Centros de Direitos Humanos, entidades afins, e principalmente os segmentos sociais marginalizados, vulneráveis em potencial a essas violações, propostas capazes de modificar o quadro de estagnação apontado, recolocando a luta pela promoção, valorização e defesa dos direitos humanos no plano das prioridades nacionais.

A crise nele identificada não pode ser sinal de esgotamento mas fonte de revigoração, até porque, oficialmente, o Governo brasileiro, assumindo a institucionalidade da cultura de violação aos Direitos Humanos, convoca a sociedade civil a compartilhar um Plano Nacional de Direitos Humanos, incorporando, assim, uma luta de iniciativa e implementação civil há mais de uma década, o que certamente contribuirá para o MNDH reagir, com melhor desenvoltura, às críticas pejorativas e desmoralizadoras de agentes públicos e privados promotores da violência, que sempre o confundiu, propositadamente, como uma instituição defensora de delinqüencia e marginalidade. Esse é o momento do MNDH reafirmar que a universalidade dos Direitos Humanos e sua extensão vão além da violência física explícita, incorporando todos os direitos indispensáveis à realização da dignidade da pessoa humana.

Os desafios a serem superados dependerão, dentre outros, da capacidade de criatividade, habilidade de articulação nacional e internacional para a construção do poder de mobilização social, pois, tais requisitos são indispensáveis à formação de parcerias e formulação de propostas concretas e realizáveis que viabilizem uma nova cultura de Direitos Humanos na sociedade brasileira.

O Movimento Nacional de Direitos Humanos é uma iniciativa da sociedade civil. Portanto, por definição, desempenha um papel específico no campo propositivo, fiscalizador e às vezes protetivo dos Direitos Humanos junto ao poder público constituído, além de funcionar como mediador de conflitos, efetiva assim, uma linha de ação da política de segurança pública preventiva. Realiza uma experiência diplomática popular na tentativa de controle de atos ilícitos da administração pública e de relações opressivas - também ilícitas - da iniciativa privada, na maioria das vezes não visualizadas, justamente por ser sua principal motivação a intolerância radical à toda forma de violação à dignidade da vida humana.

O 9º Encontro Nacional, precedido por um processo de avaliação interna e externa, registra novos enfoques e aponta novos caminhos a serem percorridos em prol da efetividade do Estado Democrático Brasileiro.

Salvino José dos Santos Medeiros
Secretário Geral

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2. RELATÓRIO

2. 1 Agradecimentos

A todos @s companheir@s que mantêm viva a esperança de uma sociedade justa, fraterna e solidária. A todos @s militantes que se encontram presos, perseguidos e ameaçados de morte por causa da luta por um Brasil fundamentado na justiça e na paz. Às agências cooperação, parceiros que deram apoio político e financeiro para a realização de mais um Encontro Nacional. Às equipes de esrviço que garantiram a organização necessária ao bom êxito dos trabalhos, além dos, que de alguma forma contribuíram para nosso trabalho.

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2.2 Introdução

A reflexão sobre o impacto desumano do neoliberalismo nesta fase final do século, um balanço geral da atuação do MNDH, à luz do processo de avaliação realizado em parceria com a CESE - Coordenadoria Ecumênica de Serviço, a reavaliação da estrutura do Movimento e a escolha de novos dirigentes. Estes foram os marcos principais do 9º Encontro Nacional de Direitos Humanos, sobre o tema "Brasil neoliberal: desafios e perspectivas para os direitos humanos", que o Movimento Nacional de Direitos Humanos promoveu, de 29 de fevereiro a 3 de março de l996, no centro de formação da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura/CONTAG, no Núcleo Bandeirantes, em Brasília/DF.

Outros momentos importantes do Encontro foram a entrega do 8º Prêmio Nacional de Direitos Humanos aos familiares d@s mort@s e desaparecid@s políticos da ditadura militar de 1964 e as audiências públicas de militantes do MNDH com autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

O dado metodológico de relevante importância no 9º Encontro foi a realização de oficinas sobre temas ligados à prática cotidiana das, aproximadamente, 300 entidades filiadas ao Movimento e organizadas, em todo país, emoito regionais, mantendo assim a rica experiência das últimas Assembéias Nacionais.

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2.3 Programa do 9º Encontro

Dia 28.02.96

Tarde - Chegada. Credenciamento dos delegados.

Dia 29.02.96

07.00 h - Café;

09:00 h - Saída dos delegados para a Câmara dos Deputados;

10:00 h - Abertura oficial do 9º Encontro Nacional. Sessão solene no plenário da Câmara.

11:00 h - Entrega do 8º Prêmio Nacional de Direitos Humanos;

12:00 h - Almoço;

14:00 h - Visitas a parlamentares e audiências públicas;

17:00 h - Apresentação do Plano Nacional de Direitos Humanos, do governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso;

18:00 h - debates;

19:00 h - Jantar;

20:00 h - Painel sobre o neoliberalismo e os desafios e perspectivas para os direitos humanos. Expositores: Deputado Federal Ivan Valente (PT/SP); Professos José Geraldo de Souza Junior (UnB), Roque Grazziotin e Fermino Fecchio, do Conselho Nacional.

Dia 01.03.96

07:00 h - Café;

08:00 h - Apresentação dos Regionais;

09:00 h - Oficinas, coordenadas pelos Programas Nacionais:

1. Gerenciamento e Administração de Projetos - assessoria: Irene e Ronaldo;

2. Formação e Sistematização da Práxis - assessoria: Roque Grazziotin e Marisa Formolo;

3. Política de Comunicação - assessoria: Aylma Ferreira e Dermi Azevedo;

4. Mulher - assessoria: União de Mulheres/SP e Cfêmea;

5. Negros - assessoria: Sônia V. Pereira/Instituto Geledés/SP;

6. Crianças e Adolescentes - asessoria: Alex Magalhães e Francisca Silva;

7. Saúde - assessoria: Mov. Popular de Saúde/SP

8. Solo Urbano - assessoria: Mov. Nac. de Luta pela Moradia

9. Questão agrária - assessoria: Dep. Domingos Dutra e Gilberto, do MST;

10. Questão carcerária - assessoria: Pe. Geraldo Manzeroll, Pastoral Carcerária da CNBB;

11. Atuação nos espaços institucionais - assessoria: Dep. Pedro Wilson, Augustino Veit e Benedito Domingos Mariano;

12. Violência - assessoria: Fermino Fecchio e Dimas Neves;

13. Banco de Dados - assessoria: Eduardo Loureiro e Socorro Prado;

14:00 h - Apresentação dos Relatórios das Oficinas;

15:00 h - Painel

- Apresentação do relatório de avaliação do MNDH, elaborado por CESE. Aspectos políticos internos e externos.
Balanço dos Programas. Expositores: José Carlos Zanetti e Oscar Gatica.

02.03.l996

07:00 h - Café;

08:00 h - Trabalho em grupos. Avaliação do MNDH e propostas;

12:00 h - Almoço;

14:00 h - Apresentação dos trabalhos grupais. Debates e deliberações.

19:00 h - Jantar

20:00 h - Deliberações finais e conclusões do encontro.

2.4 MEMÓRIA DOS DESAPARECIDOS POLÍTICOS FORTALECE A MÍSTICA DA LUTA PELOS
DIREITOS HUMANOS

A abertura oficial do 9º Encontro Nacional do MNDH aconteceu no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos
Deputados, na manhã do dia 29 de fevereiro, com a entrega do 8º Prêmio Nacional de Direitos Humanos. Neste
ano, a Comissão dos Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos e o Grupo Tortura Nunca Mais foram os
escolhidos para o recebimento do Prêmio, simbolizado, numa estatueta esculpida pelo artista plástico Elifas
Andreato, representando uma pessoa em situação opressiva. Em nome dessas organizações, o prêmio foi recebido
por Suzana keniger Lisboa, familiar de um desaparecido político.

Presidida pelo Deputado Federal Pedro Wilson Guimarães, coordenador do Conselho Nacional do MNDH, a
solenidade foi marcada pela emoção e por pronunciamentos e gestos que simbolizaram a integração entre as lutas
de hoje e aquelas que levaram e levam homens e mulheres, no Brasil e em outros países do Mundo, ao sacrifício
da própria vida, em nome da justiça e do estado democrático de direito.

Sucederam-se, nos discursos, representantes dos Partidos Políticos, historicamente comprometidos com a luta
pelos Direitos Humanos, tais como, PT, PSDB e PC do B. Pelo MNDH falou o Juan Oscar Gatica, Conselheiro
Nacional - ele mesmo, com sua esposa Ana, egressos da luta contra a ditadura militar Argentina.

Numa das primeiras filas do auditório, encontravam-se vários familiares de desaparecidos políticos. Participaram
também da solenidade, além dos aproximadamente 300 delegados ao encontro, representantes do corpo
diplomático, de Conselhos Nacionais, Estaduais e Municipais de Direitos humanos, da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara dos Deputados, presidida pelo Dep. Nilmário Miranda - também familiar de desaparecido
político - e de dezenas de outras entidades representativas da sociedade civil. Da mesa diretora dos trabalhos,
participou também a senadora Benedita da Silva, já contemplada, anteriormente, com o Prêmio Nacional de
Direitos Humanos.

Em seu discurso de agradecimento, Suzana Lisboa uniu a memória dos desaparecidos à luta de hoje, para que o
Estado reconheça plenamente a sua responsabilidade no desaparecimento dos brasileiros que resistiram à
ditadura. Lembrou igualmente as pessoas, perseguidos pelo regime de 1964, que até o momento não puderam
usufruir da anistia.

Em toda a solenidade, esteve presente a situação de Diolinda Alves e outros trabalhares rurais sem terra, presos
no interior de São Paulo pelo "crime " de lutarem pela reforma agrária.

Foram lembradas também outras situações específicas como a grave situação dos brasiguaios no Paraguai e a
perseguição política contra adeptos da religião Baha’i, no Irã.

Num momento da sessão solene, os participantes fizeram um minuto de silêncio em memória de Maria Olinda,
militante do Regional Leste I do MNDH, no Espírito Santo, morta no início de fevereiro de l996, vítima de
acidente de trânsito.

2.5 VISITAS E AUDIÊNCIAS PÚBLICAS: EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA

Após o almoço em um dos restaurantes da Câmara Federal, ainda no dia 29, os participantes do Encontro
distribuíram-se em grupos para visitas a autoridades dos três poderes, o que representou, de fato, um exercício de
prática democrática. Sinalizou também o esforço do MNDH em ocupar espaços institucionais, informando e
sensibilizando seus representantes, em nome do eixo de sua luta "pela vida e contra a violência".

2.5.1. Procuradoria Geral da República

Cumprindo um calendário previamente definido, foram realizadas audiências com o Procurador Federal dos
Direitos do Cidadão, Dr. Alvaro Augusto Ribeiro da Costa, onde discutiu-se a continuidade do Fórum Nacional
Contra a Violência no Campo, um maior empenho das Procuradorias dos Direitos do Cidadão nos Estados, a
sequência da Campanha contra a Impunidade desenvolvida no Espiríto Santo e sua implementação noutras
unidades federativas e a proposta de federalização dos crimes contra os direitos humanos.

2.5.2. Ministério da Justiça

Com Dr. José Gregori, Chefe de Gabinete do Ministro da Justiça, foram analisados nove temas: O 1º Plano
Nacional de Direitos Humanos, a reformulação do Conselho de defesa dos Direitos da Pessoa Humana - numa
perspectiva de transformá-lo em Conselho Nacional de Direitos Humanos - , o polêmico decreto do Ministro da
Justiça, Dr. Nelson Jobim, abrindo a possibilidade do contraditório nos processos de demarcação de áreas
indígenas, a situação dos sem terra presos em São Paulo, os Projetos de Leis vinculados aos Direitos Humanos
tramitando no Congresso Nacional, a participação de representantes do MNDH no Conselho de Segurança da
Região Sudeste - Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, a tramitação do projeto
que cria o Conselho Nacional de Comunicação Social e a situação dos chamados desaparecidos sociais - pessoas
que desaparecem do convívio social por conta da exclusão ligada ao modelo sócio econômico vigente.

2.6 PROJETOS PRIORITÁRIOS

2.6.1 Na Câmara Federal

Nas audiências e visitas aos parlamentares, o MNDH entregou também documento enumerando os projetos em
tramitação, na Câmara e no Senado e considerados da maior importância para a plena vigência dos direitos
humanos no Brasil, requerendo efetivo empenho das autoridades no sentido de agilizar sua votação. São os
seguintes:

- PDC 94/95, do Poder Executivo, que ratifica a Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de
Pessoas;

- PL 929/95, dos deputados Paulo Rocha, Nilmário Miranda e Alcides Modesto - presidente, respectivamente, da
Subcomissão de Trabalho Escravo e das Comissões de Direitos Humanos e de Agricultura -, que caracteriza como
crime o alciamento, o transporte, a hospedagem, o endividamento, o constrangimento, as condições degradantes
de trabalho, além da exploração do trabalho infantil;

- PL 181/91, do Poder Executivo, que define a situação do estrangeiro no Brasil. Esse projeto busca regularizar a
situação de milhares de imigrantes que vivem em condições degradantes no país, inclusive em situação de tabalho
escravo;

- PL 716/95, do deputado Domingos Dutra, que estabelece a intervenção obrigatória do Ministério Público em
todos os litígios coletivos pela posse da terra;

- PL 490/95, do deputado Domingos Dutra, que impede a concessão de liminares em ações possessórias de
natureza coletiva;

- PL 1171/9/95, do deputado Nilmário Miranda e outros, que descriminaliza a ocupação pacífica de terras ociosas;

- PEC 41/9, do deputado Hélio Bicudo, que prevê a desmilitarização das Polícias Militares e a subordinação das
polícias civis ao Ministério Público;

- PEC 96/92, do deputado Hélio Bicudo, que introduz modificações na estrutura do Poder Judiciário, extinguindo as
Justiças Militares Estaduais;

- PL 4716/94, do Poder Executivo, que define os crimes de tortura e dá outras providências;

- PL 4783/90, do Poder Executivo, que revoga a Lei de Segurança Nacional, introduzindo no Código Penal título
relativo aos crimes contra o Estado Democrático e contra a humanidade. O projeto já tem parecer da Comissão de
Defesa Nacional. Encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça. Há projeto anexado pelo deputado Hélio
Bicudo;

- PL 4715, do Poder Executivo, que transforma o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana em
Conselho Nacional dos Direitos Humanos;

- PL 627/95, do deputado Alcides Modesto e outros, que regulamenta o procedimento de titulação de propriedade
imobiliária aos remanescentes de quilombos, na forma do artigo 68 do ADCT;

- PL 2057/91, dos deputados Aloizio Mercadante, Fábio Feldman, José Carlos Sabóia, Nelson Jobim e Sidney de
Miguel, que reformula o Estatuto do Índio;

- PL 4904/95, do Poder Executivo, que dispõe sobre a proteção de testemunhas de crimes;

- PL 1529/95, do deputado Nilmário Miranda, que autoriza o pagamento de indenizações às vítimas de crimes
praticados por agentes do Estado;

- PEC 188/94, do deputado Zaire Rezende, que garante a anistia aos militares que foram perseguidos no início do
regime militar, por terem resistido ao golpe;

- PDL 90/95, que ratifica a Convenção Interamericana sobre o Tráfico Internacional de Menores, visando facilitar
a cooperação ao combate ao tráfico de crianças;

- PL 4704/94, do Poder Executivo, que permite a remissão da pena dos presos, por meio da educação;

Do mesmo modo, o MNDH solicitou, nestas audiências na Câmara, a rejeição destas proposições;

- PEC 171/93, do deputado Benedito Domingos, que reduz a imputabilidade penal para 16 anos de idade;

- PEC 133/92, do deputado Nícias Ribeiro, que impede a demarcação de terras indígenas em áreas de fronteira e a
condiciona à aprovação prévia do Congresso Nacional;

- PEC 125/95, do deputado Luciano Castro, que atribui ao Congresso Nacional a competência para a homologação
de demarcação de terras indígenas e prevê a revisão das já demarcadas;

- PL 12/95, do deputado Wigberto Tartuce, que autoriza a retirada de órgãos de cadáveres humanos,
independentemente de autorização;

Paralelamente, o Movimento reivindicou da Câmara a instalação imediata da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) para investigar a adoção e o tráfico de crianças, aprovado em julho de 1994, conforme a Resolução 66/94 e
que ainda não foi constituída.

2.6.2 Do Senado, o MNDH reivindicou a aprovação destas propostas:

- PL 2801/92 (plc 102/93), da CPI do Extermínio de Crianças e Adolescentes, que retira da competência da Justiça
Militar o julgamento dos crimes cometidos por policiais militares contra civis;

- PL 899/95, do deputado Hélio Bicudo, que retira da Justiça Militar Estadual a competência para o julgamento de
Policiais Militares, quando a vítima é civil. Retoma a proposta original do PL 2801/92;

- PL 129/95, da senadora Benedita da Silva, que regulamenta o procedimento de titulação de propriedade
imobiliária aos remanescentes das comunidades de quilombos, na forma do Art. 68, do ADCT;

- PDL 34/93, que ratifica a Convenção 169 da OIT, relativa aos povos indígenas e tribais em países
independentes;

- PLS 8/91, do deputado Paulo Delgado, que prevê a extinção progressiva dos manicômios;

2.6.3 Do Poder Executivo.

Além dos itens já citados anteriormente, os representantes do MNDH solicitaram o envio ao Congresso Nacional,
para ratificação, destas convenções internacionais.

- Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos Humanos de todos os Trabalhadores Migrantes e suas
famílias;

- Protocolos adicionais às Convenções de Genebra, que estendem a aplicação dessas normas às situações de
guerra civil;

- Reconhecimento da jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos;

- Protocolo facultativo ao Pacto sobre Direitos Civis e Políticos, que possibilita que denúncias sejam apresentadas
ao Comitê dos Direitos Humanos da ONU, diretamente pelos cidadãos;

- Convenção 138 da OIT que estabelece normas de proteção ao trabalho infantil.

O Movimento propôs também ao Congresso Nacional a aprovação das emendas da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara dos Deputados que asseguram, no orçamento da União, recursos para as indenizações dos
familiares dos mortos e desaparecidos políticos, a demarcação das terras das comunidades remanescentes dos
quilombos, a produção de estatísticas sobre a violência e o apoio às ONG’s de direitos humanos.

Entre as autoridades que receberam estas propostas do MNDH estiveram o Presidente da Câmara, Deputado
Federal Luiz Eduardo Magalhães, pessoalmente e o Senador José Sarney, presidente do Senado Federal.

Do chefe de gabinete do Ministério da Justiça, Dr. José Gregori, o MNDH recebeu o convite para participar,
como observador, das reuniões do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. Convidou para a primeira
reunião, em abril, o advogado Fermino Fecchio Filho, até este encontro um dos conselheiros nacionais do MNDH.

2.7 Apresentação do 1º Plano Nacional de Direitos Humanos

Após as audiências, as atividades do 9º Encontro Nacional voltaram a se concentrar no auditório do
CESIR/CONTAG. Na plenária, o cientista político Dr. Paulo Sérgio Pinheiro, do Núcleo de Estudos da Violência
da Universidade de São Paulo - NEV/USP, apresentou os primeiros passos da elaboração do 1º Plano Nacional de
Direitos Humanos.

Explicou, inicialmente, que a elaboração do Plano é resultado da aplicação do documento final da Conferência
Mundial de Direitos Humanos, promovida pela ONU, em Viena, em junho de 1993, - da qual o MNDH foi uma das
entidades participantes. Por proposta da Austrália, onde já havia plano congênere, a ONU decidiu propor aos
países-membros que elaborassem seus respectivos planos, nos termos do Art. 71 do Programa de Ação de Viena.

Artigo 71 "A Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos recomenda que cada Estado considere a
conveniência de elaborar um Plano Nacional de Ação identificando medidas com as quais o Estado em questão
possa melhor promover e proteger os direitos humanos".

O Presidente Fernando Henrique Cardosos decidiu adotá-lo, conforme anúncio feito em 7 de setembro de 1995,
encarregando o Ministério da Justiça dessa tarefa. Por sua vez, o Ministro Nelson Jobim designou o Chefe de
Gabinete do Ministério, Dr. José Gregori para coordenar a formulação do Plano de Direitos Humanos, o qual
formalizou convênio com o NEV/USP para elaborá-lo, sob a supervisão de Paulo Sérgio Pinheiro.

Em um primeiro momento, explicou Pinheiro, foram organizados e realizados workshop’s em várias capitais, com a
participação de entidades de direitos humanos, para a coleta de sugestões. A base para o convite às entidades foi
a Agenda Nacional de Direitos Humanos, preparatória à Conferência de Viena.

Informou que Professor Paulo Sergio Pinheiro que neste momento, todas as propostas estão sendo sistematizadas.
O pré-projeto contempla cinco áreas: a) direitos da pessoa (vida, nacionalidade, tratamento igualitário perante a
lei, proteção contra qualquer tipo de discriminação), b) liberdades civis (livre pensamento, liberdade de opinião e
expressão, livre acesso à informação, liberdade de movimento dentro e fora do país) c) direitos judiciais (acesso
igualitário à Justiça, remédios protetores da violação de direitos fundamentais, garantia ao processo público, justo
e imparcial), d) direitos políticos (eleições legítimas, poder votar e ser votado), e) direitos sociais e culturais
(instrução, participação na vida cultural, subsistência própria e da família, saúde, trabalho, segurança e lazer).
Tudo isto será sistematizado em propostas de ação a curto, a médio e a longo prazos.

Depois da exposição de Paulo Sérgio, houve debate sobre vários aspectos do plano, incluindo o monitoramento
das ações e a continuidade da participação das entidades de direitos humanos no processo de sua implantação, em
data a ser ainda definida.

2. 8 Neoliberalismo: um sistema a serviço da morte

Na noite do dia 29, foi realizado o painel sobre o tema central do 9º Encontro Nacional - "Violência no Brasil
neoliberal: desafios e perspectivas para os direitos humanos". Participaram da mesa o Deputado Federal Ivan
Valente, o jurista José Geraldo de Sousa Júnior, da UnB, além dos conselheiros Fermino Fecchio Filho e Roque
Grazziotin.

Os painelistas fizeram uma análise sistêmica do fenômeno do neoliberalismo, no Brasil, na América Latina e no
mundo de hoje. Dois enfoques destacaram-se: um mais filosófico, por parte de José Geraldo de Sousa Júnior e
outro mais político e conjuntural, por parte de Ivan Valente.

Um e outro assinalaram, no neoliberalismo, a característica central da priorização do capital sobre o trabalho, a
cultura, a vida humana, em uma palavra. Ivan Valente observou que o Brasil fez entrada formal de modo tardio, no
modelo de ajuste estrutural preconizado pelo Fundo Monetário Internacional/FMI e Banco Mundial, assim como
pelos países mais ricos do mundo, G/7.

Destacou que a política do governo Fernando Henrique Cardoso caracteriza-se por esse propósito de introduzir,
no Brasil, as medidas neoliberais, com elevado custo social, econômico, político e cultural. Lembrou que tentativa
semelhante já fora feita anteriormente pelo Governo Collor de Mello, sem êxito completo, por causa das
contradições daquela administração. Criticou com ênfase a secundarização das políticas sociais públicas, enquanto
o governo federal privilegia o socorro, com altas somas de dinheiro, a bancos falidos ou fraudulentos. Neste
contexto, denunciou também a ideologia e a prática dos grandes meios de comunicação social, que reproduzem, no
dia a dia, o pensamento neoliberal e legitimam as práticas decorrentes. Defendeu, nesse sentido, a
democratização do sistema de informação e comunicação no Brasil.

2.9 Oficinas de Estudos: a prática sistematizada

A realização das oficinas e a apresentação da síntese preliminar da avaliação do Movimento foram os pontos
centrais dos trabalhos do dia 1º de março.

A seguir, as conclusões de cada oficina:

2.9.1. Gerenciamento e Administração de Projetos

- Propostas para os Programas Nacionais do MNDH:

A) Adequação formal, regularização jurídica, administrativa e financeira;

B) Promover nas entidades assessorias técnicas de planejamento/elaboração e gerenciamento de projetos de
trabalho;

C) Promover eventos, como cursos, seminários e treinamentos para formação técnica (jurídica, administrativa e
financeira);

D) Mapear regionalmente as entidades promotoras de assessoria, financiamento e parceirização de projetos;

E) Criar grupo permanente encarregado da cooperação financeira;

F) Estabelecer uma estratégia de marketing social.

2.9.2. Formação e Sistematização da Práxis (...)

2.9.3. Política de Comunicação.

A) Retomada e aprofundamento do debate e da práxis da Política de Comunicação no Movimento, com base em
quatro referências teórico-práticas;

1. a consideração da informação e da comunicação como eixos de uma política pública;

2. o entendimento da informação e da comunicação numa abordagem sistêmica, evitando, nesse sentido, reduzir
este conceito a uma visão simplista e instrumentalista;

3. no debate e na práxis comunicacional, considerar não apenas o aspecto de conteúdo, mas, sobretudo, o aspecto
relacional entre os sujeitos e protagonistas;

4. a interação entre política de comunicação e política cultural.

B) Sistematizar e retomar o acúmulo de reflexão e de experiências, no MNDH, no campo da comunicação.
Reportar-se, nesse sentido, à documentação produzida nos Seminários de Natal, Ouro Preto, Peruíbe e Itajaí,
assim como ao debate sobre Comunicação e Violência e aos relatórios do Conselho e Secretariado Nacionais;

C) Implementar, a nível nacional, a Rede Servir à Vida, de interação via computadores, iniciada pelo Projeto
BBS/Direitos Humanos e Cultura;

D) Constituir um Coletivo Nacional de Comunicação, composto por, pelo menos, um militante de cada Regional,
com o objetivo de refletir sobre Política de Comunicação e propor medidas à Direção Nacional, neste campo,
ajudando também a implementá-las;

E) Na estrutura do Movimento, em nível nacional, garantir representação para este Coletivo, seja através de uma
Secretaria de Comunicação ou Programa ou Grupo de Trabalho, com um coordenação específica;

F) Na estrutura do Escritório Nacional, entre os assessores do secretário ou secretária executiva, incluir um
assessor ou assessora de imprensa para cumprir tarefas de interface com a mídia. O seu papel de confiança não
se confunde com o papel do Coletivo Nacional e de sua coordenação;

G) Já dentro dessa nova estrutura, criar um instrumento nacional de intercomunicação interna, como, por
exemplo, um boletim via fax ou on-line;

H) No Coletivo de Comunicação, definir uma estratégia de aproveitamento dos espaços existentes em termos de
mídia interna e externa. Sistematizar o que já existe.

I) Propor à CESE reunião técnica, a curto prazo, já com o objetivo de aprofundar a reflexão sobre o tema
"Comunicação, Movimentos Sociais e Direitos Humanos no Brasil", à luz da Política de Comunicação do
Movimento. Grupo operativo pequeno;

J) Sistematizar e comunicar as experiências do Movimento: eis o desafio central apontado pela Oficina, com
interfaces interna e externa; neste sentido, a Oficina deseja que esta Assembléia explicite a sua VONTADE
POLÍTICA de levar a sério a Política de Comunicação, a apenas quatro anos do começo de um novo século, em
que a Informação será o principal insumo ideológico e simbólico.

L) Retomar, nos Regionais e Centros locais, os Seminários e Oficinas de Comunicação;

M) Priorizar a interação entre Política de Comunicação e Política Cultural, a partir da experiência do mapeamento
cultural alternativo e da implementação dos Centros Populares de Cultura;

N) Instituir, de imediato, a Carteira de Identificação do Militante do Movimento, através de uma ação conjunta da
rede naacional, regional e local;

2.9.4. Mulher.

Implementação das conquistas de Beijing;

A) Garantia dos humanos das mulheres;

B) Eliminação de todas as formas de discriminação;

C) Adoção de medidas positivas para garantir a paz e o desarmamento;

D) Combate à pobreza e apoio à igualdade;

E) Acesso à saúde e garantia dos direitos reprodutivos e sexuais;

F) Acesso à educação não discriminatória;

G) Participação política nos processo de tomada de decisão;

H) Eliminação da violência e da exploração sexual;

I) Eliminação das discriminações de raça, idade, origem étnica, cultural, religião ou incapacidade;

2.9.5. Negros

Nesta oficina, o coletivo trabalhou o documento base do Programa Relações de gênero, Discriminação e Racismo,
entitulado, Discriminação Sócio/racial, ideologia e prática do Estado brasileiro e o texto de Rap, de autoria de
Mano Brown (SP). Concluiu sua atividade apresentando propostas concretas de ações de combate a discriminação
sócio/racial e de promoção e valorização da pessoa humana, tais como:

A) Exigência, junto as autoridades competentes, da implementação das proposta contidadas do documento da
Marcha Zumbi dos Palmares, realizada em novembro de l995;

B) Formulação de um projeto de reforma radical para a Educação Pública de Privada, como estratégica de
desenvolvimento igualitário da nação, em reparação aos Indígenas, Negros e descendentes, impedidos de
desenvolverem-se intelectual e materialmente;

C) Formulação de um projeto de redistribuição fundiária e de recurso financeiros e técnicos para o
desenvolvimento nacional da economia agrícola e dos trabalhadores rurais;

D) Formação, em estabelecimentos especiais, de Negros e Indígenas, em diferentes áreas sociais, para a
construção de um projeto que comtemple os interesses de populações marginalizadas e promova seu
desenvolvimento;

E) Formulação de um projeto de Desporto que potencialize a cultura esportiva amadora e profissicional em
atenção especial e imediata à crianças e adolescentes empobrecidos;

F) Formulação de uma nova modalidade de organização para o trabalho de modo a potencializar a capacidade de
Indios e Negros no gerenciamento de suas idéias, projetos;

G) Elaboração de um programa de medidas disciplinadoras da propaganda na mass mídia, com o objetivo de rever
a posição da população Afro-brasileira na sociedade e sua condição de consumidor/contribuinte;

H) Relização de uma campanha de combate à cultura de discriminação sócio/racial, a partir de interpelações
judiciais reagindo ao descaso imposto à população Afro-brasileira;

I) Elaboração de um plano decenal, com estratégia de ação definida, tendo como marco o ano de l996, a ser
apresentado ao Governo, mas sob controle de entidades da sociede civil;

2.9.6. Criança e Adolescente.

A Oficina teve a participação de 25 militantes, vindos de todos os Regionais, em grande parte, initegrantes de
Conselhos Municipais ou Tutelares de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. Isto propiciou ricos
relatos de experiências, notando-se que os problemas enfrentados no ambiente dos Conselhos são bastantes
parecidos, entre os quais a representatividade das entidades não governamentais, a capacitação dos conselheiros,
resistências múltiplas ao estatuto da Criança e do Adolescente, o isolamento de Conselhos em relação à
sociedade, o clientelismo e a política de resultados, entre outros. Entretanto, não foram registrados relatos de
experiências no plano dos Regionais do MNDH, dando a entender que se tratam de experiências de centros
filiados, não constituindo-se, até agora, uma articulação dessas experiências, dentro do Movimento.

O ponto de partida das discussões foi o relato, feito pelos coordenadores da Oficina, sobre as atividades nacionais
do Movimento na área da criança e do adolescente, nos últimos dois anos. Isto inclui, basicamente, as reuniões do
coletivo formado a partir do 1º Seminário Nacional do Programa de Políticas Públicas/Peruíbe, 1994 e a
participação no Conselho Nacional dos Direitos da Criança/Conanda, como um dos menbros titulares,
representando a sociedade civil.

Tal relato evidenciou as dificulfades deste Conselho atingir resultados mais expressivos, na linha da implantação
de uma política social eficaz, voltada para sua população-alvo, problema este em grande parte de responsabilidade
do Governo Federal que não vem reconhecendo o papel e a importância do Conanda.

Como resultado da discussão dos problemas relacionados à temática da Oficina, surgiram as seguintes propostas
para a ação específica do MNDH:

A) elaboração de um documento contendo diretrizes para a intervenção de seus militantes e entidades filiadas, no
espaço dos Conselhos, bem como no próprio processo de implantação do Estatuto;

B) Eixos temáticos de tal documento: ausência de políticas sociais de atendimento e medidas legais cabíveis
diante disto, papel dos Conselhos Tutelares e da Segurança Pública;

C) Investir na formação de conselheiros, à luz da especificidade e da identidade do MNDH;

D) articulação interna no sentido de respaldar politicamente a presença do MNDH nos Conselhos, principalmente
no caso do Conanda;

E) cobrar formalmente do Governo Federal a ausência de implementação, em escala nacional, de políticas sociais
básicas destinadas à infância e à adolescência, tendo, como exemplo maior, a questão da educação bem como dos
Conselhos Tutelares.

2.9.7- Solo Urbano.

A) Articulação:

A.A) Níveis local, regional e nacional, nos campos da comunicação e intervenção;

A.B) Combinar a denúncia com a solidariedade, questionando a ação judicial e a política de segurança pública;

A.C) Utilizar os instrumentos de comunicação disponíveis para agilizar a troca de informações e experiências,
formando uma rede (fax, internet e outros);

A.D) Usar lutas específicas do MNDH com a temática da Reforma Urbana.

B) Intervenção:

B.A). Participação nos espaços institucionais ( conselhos, comissões, grupos de trabalho estc), de forma crítica e
socializando as informações;

B.B) Acompanhar o repasse dos recursos do FGTS para os programas sociais ( habitação, comunidade solidária
etc);

B.C) Participar nos processos de elaboração das Leis e Diretrizes Orçamentárias, em todos os níveis;

B.D) Participar da Conferência Brasileira pelos Direitos à Moradia, de 3 a 5/5/1996, no Rio de Janeiro.

2.9.8 - Questão Agrária.

A) Definir um plano de reforma agrária, com estratégias comuns entre os setores populares que atuam no campo;

B) Combater o crime organizado no campo;

C) Priorizar a reforma agrária e a luta contra o desemprego;

D) Apoiar projetos que tramitam na Câmara dos deputados, em especial os de autoria do Deputado Domingos
Dutra: PDL 490 e 716, ambos de 1995;

E) Realizar uma campanha de valorização da unidade municipal. Participar dos conselhos e propor alternativas
para os problemas;

F) Buscar a compreensão da reforma agrária na sua amplitude: levando em conta o acompanhamento dos
assentamentos, ajudando os assentados a enfrentarem seus desafios na terra, superando contradições internas;

G) Continuar a denunciar e a representar contra as autoridades policiais e judiciais que cometem abusos e julgam
com parcialidade.

Questionamentos

A) Porque o Conselho Nacional do MNDH ignora ou tenta tirar da ordem do dia a bandeira da reforma agrária? (
Referência ao Encontro Nacional de Salvador/1994 )

B) Como fazer esse Plano Nacional de Reforma Agrária dos Setores Populares?

C) O que queremos?

D) Que estratégia comum usaremos?

2.9.9. Questão Carcerária

A) Que o MNDH priorize o problema carcerário em geral, transformando-se em uma bandeira de luta do
Movimento;

B) Ocupar espaços na mídia para contrapor a idéia de que o MNDH defende bandidos;

C) Questionar a privatização das prisões;

D) Exigir maior e melhor preparação e formação das pessoas que trabalham nos presídios. Com maior valorização
desses trabalhadores, em termos salariais;

E) Incentivar a criação de Conselhos de Comunidade, em todas as cidades em que haja cadeias;

F) Incentivar a abertura de processo por responsabilidade contra o Estado que não cumpra o dever de organizar a
Defensoria Pública, a Promotoria e as Delegacias;

G) Exigir o fim da revista íntima dos visitantes, nos presídios;

H) Incentivar as "blitzen da cidadania" para coibir os maus tratos nas delegacias;

I) Acompanhar o tempo legal do cumprimento da pena;

J) Fortalecer as parcerias com as OAB e universidades;

L) Repudiar projetos de lei que aumentem as penas para os crimes;

M) Estimular as penas alternativas à pena de prisão;

N) Realizar um seminário sobre Políticas Públicas para o Sistema Carcerário;

O) Incentivar a aprovação do projeto de lei do deputado Hélio Bicudo que prevê a Justiça Civil para julgamento
dos policiais militares;

P) Exigir o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente.

2.9.10. Atuação nos Espaços Institucionais.

A) Buscar a viabilização de projetos de pesquisas nas áreas de atuação do Movimento junto a entidades de
financiamento;

B) Elaborar convênios com universidades para a realização de pesquisas, bem como, para que sejam ministradas
disciplinas de Direitos Humanos nos diversos cursos, como também uma interferência junto às escolas de primeiro
grau para que seja incluída em seus currículos a questão dos Direitos Humanos;

C) Buscar a inserção internacional junto à OEA e a outros organismos;

D) Propiciar a capacitação das diversas entidades que compõe o Movimento;

E) Repassar o material da OEA que versa sobre a elaboração de petições;

F) Inscrever-se na Internet;

G) Contribuir para a criação de Ouvidorias nos estados;

H) Identificar os espaços institucionais ainda não explorados;

I) Que o nome do Movimento seja identificado nas mobilizações realizadas pelas entidades filiadas;

J) Elaborar cartilhas com procedimentos de atuação junto ao Poder Público;

L). Influir para que o Brasil assine os tratados da Corte Internacional de Direitos Humanos e do Comitê de
Direitos Humanos da OEA;

M) Repassar informações sobre as diversas experiências das entidades que compõe o Movimento;

N) Maior articulação entre o Movimento e os CDHs;

0) Realizar campanha no sentido de informar a população sobre como ter acesso aos seus direitos;

P) Criar um grupo ou comissão de trabalho por tema ou assunto;

Q) Propor a Conferência Nacional dos Direitos Humanos,

R) Articular e buscar assegurar a liberação de verbas nos orçamentos municipais, estaduais e federal;

S) Realizar um mapeamento dos integrantes do MNDH que atuam nos Conselhos e Ouvidorias e repassar
informações sobre o seu funcionamento;

T) Implementar uma campanha pelo controle externo do Poder Judiciário;

U) Ter maior preocupação com a questão ecológica, numa visão holística.

2.9.11. Violência

Questões gerais:

A) Superar a simples denúncia;

B) Rever discurso;

C) Estudar o fenômeno da violência;

D) Desenvolver mecanistmos de sensibilização da sociedade;

E) Desmistificar o antagonismo entre segurança pública e direitos humanos;

F) Simplificar a linguagem do Direito;

G) Estabelecer alianças com os setores institucionais (Ministério Público, Poder Judiciário e Executivo;

H) Fomentar uma cultura favorável aos direitos humanos;

I) Ampliar o foco de reflexão e a ação anti-violência;

J) Incluir a discussão sobre a violência da sociedade;

Propostas de ação concreta:

A) Ação reativa:

A.A) Incentivar e apoiar grupos de familiares de vítimas da violência policial;

A.B) Cobrar do Ministério Público a função fiscalizadora da polícia e do sistema prisional;

A.C) Propor a destruição imediata das armas apreendidas;

A.D) Preparar a sociedade para a auto-defesa não-violência;

Propostas de ação preventiva:

B) Ação cultural/formação

B.A) Incluir a disciplina "Direitos Humanos" nos currículos escolares e Academias de Polícia;

B.B) Realizar cursos e seminários para agentes de direitos humanos, policiais militares e agentes penitenciários.

B.C) Comunicação e intercâmbio:

C) Banco de Dados com projetos desenvolvidos pelos Centros;

C.A) Criar núcleos regionais de apoio aos Centros;

C.B) Estabelecer diálogos com empresários de comunicação;

C.C) Desenvolver campanha na mídia para enfrentar acontracultura;

C.D) Elaborar manuais de direitos humanos;

C.E) Divulgar os direitos do cidadão e leis/decisões avançadas.

D) Ação instituciolal:

D.A) Estreitar as relações com o Ministério público, o poder Judiciário, o Legislativo;

D.B) Apresentar propostas de política de Segurança Pública, voltadas para a contrução da cidadania;

D.C) Acompanhar os trabalhos parlamentares;

D.D) Propor e apoiar iniciativas para o esvaziamento de prisões;

D.E) Criar uma Comissão Penitenciária;

D.F) Realizar seminários com canidatos para estabelecer compromissos;

D.G) Elaborar um Programa de Apoio para a Proteção de Testemunhas.

3. Análise Sintética do trabalho das Oficinas

Uma síntese de todo este trabalho das oficinas foi apresentada, a seguir, em plenário, por Mariza Formolo do
CDDH de Caxias do Sul/RS.

As oficinas, afirmou, envolviam questões temáticas de natureza ampla e outros de natureza específica.
Trabalharam temas estratégicos e temas táticos, na visão da luta pelos direitos humanos. As propostas produzidas
pelos grupos caracterizaram-se também, por serem, algumas, de natureza global e outras, de natureza específica,
no interior do Movimento e na relação com a sociedade.

A diversidade e a especificidade do Movimento não são um tema novo, disse. No encontro nacional de Brasília,
em 1992, concluiu-se que, na história do MNDH, sempre foi trabalhada a questão da violência.

A ação do Movimento voltou-se contra a violência do Estado e da sociedade civil. E de como o Estado tem sido a
instituição causadora ou mantenedora da violência, através de suas decisões políticas ou de suas práticas
institucionais violadoras dos direitos humanos, em contraposição ao seu papel de zelar pela justiça e pela
segurança social.

Assim, o Movimento definiu que "a luta pela vida, contra a violência" passaria a ser o seu eixo político. O
encontro nacional de Salvador decidiu que, para avançar nesse eixo, era preciso expressá-lo numa política, entre
as quais, a de justiça e segurança.

A partir dessa premissa, Mariza Formolo sintetizou o trabalho das oficinas, nestas formulações:

1. As propostas de natureza geral referem-se àquilo que vai estabelecer pontos de convergência, nas diferenças
dos temas, das metodologias e da concepção de direitos humanos, presente no MNDH. Exemplo: "produzir um
documento para os que trabalham com a questãoda criança e do adolescente, explicitando qual é a intervenção
específica do Movimento";

2. Em mais de 70% das oficinas, foi discutido a necessidade de retomar a formação, tanto internamente, quanto
nas relações externas.

Foram sugeridas, como formas de viabilizar essa necessidade, uma comissão dde formação para produzir um plano
estratégico de formação, com temas de fundo; a produção de planos de formação próprios às necessidades
temáticas, especificidades localizadas; a integração à rede de Educação para os Direitos Humanos, a fim de
possibilitar a visibilidade do Movimento e a disseminação ou a consciência da cidadania - Educação para os
Direitos Humanos no 1º e 2º graus e nos cursos de Direito;

3. Retomou-se, nas oficinas, à necessidade de aperfeiçar a Comunicação interna e externa. A Comunicação
interna, sistematizando a produção do Movimento e fortalecendo a foramação na e para a Comunicação; a
Comunicação externa, reforçando-se e se ampliando a visibilidade do Movimento e da luta pelos direitos
humanos.

4. As ações propostas, táticas e estratégicas, específicas e gerais, evidenciam que os militantes acreditam que
podem continuar na luta pelos direitos humanos. Sentem que não é somente resistência essa etapa, mas também
maior fortalecimento da luta pela vida, contra a violência.

5. Permanece, salientou, o desafio de perceber quais as propostas que, por sua natureza, devem ser dos
movimentos de lutas específicas: moradia, mulher, criança e adolescente, questão agrária, entre outras.

4. Processo de avaliação:

crítica e autocrítica do MNDH

A primeira apresentação dos resultados do processo de avaliação institucional, feito pela Coodenadoria
Ecumênica de Serviço - CESE, em parceria com o MNDH, foi feita na tarde de 1º de março. Este foi um dos
principais marcos e momentos do 9º Encontro Nacional. Momento, porque o processo ainda não está concluído e,
nessa tarde, a CESE recebeu várias sugestões em termos de sua continuidade e fase final. Marco, porque, depois
de um relativamente londo itinerário de ajuste recíproco, quanto a objetivos, metodologia e modus operandi, a
CESE e o MNDH convergiram a respeito deste procedimento de crítica e autocrítica.

Um documento de 43 páginas - "Avaliação do Movimento Nacional de Direitos Humanos. Equipe mista
CESE/MNDH" - foi sinterizado por José Carlos Zanetti e Juan Oscar Gatica, com a ajuda de meios audivisuais.

Na apresentação, destacaram a dificuldade de avaliar com a maior isenção possível algo que faz parte da vida e do
ideário dos próprios avaliadores. Na história do Movimento, esta é a segunda vez que o Movimento é submetido a
uma análise. A primeira foi a pesquisa da antiga Secretaria Nacional de Formação que resultou no documento
"MNDH: Um Estudo Descritivo", de l991. Como avaliação, no sentido preciso do termo, o processo de 1995/1996
é o primeiro.

Na apresentação retomaram o sentido da avaliação, contido nos Termos de Referência desse processo,
apresentando-a como um instrumento do cotidiano, um processo permanente de construção coletiva e uma
oportunidade conjuntural.

Depois de exporem os procedimentos metodológicos e descreverem as andanças pelos Regionais, apresentaram
as questões-chaves para a crítica/autocrítica: o MNDH é indispensável enquanto articulação própria? Que
significado tem o Movimento para quem o olha de fora? Para que serve a visibilidade do Movimento?

Chamaram a atenção, a seguir, para o sentido da pertença ao MNDH e diagnosticaram uma carência generalizada
em termos de Comunicação. Retomaram, depois, a questão da identidade do Movimento. Neste aspecto, as
palavras-chaves, detectadas na avaliação, descrevem, simultaneamente, o Movimento como rede, serviço,
interlocução.

Isto diz respeito, salienta o relatório, à questão da especificidade e da especialidade do MNDH. E também ao
papel da sede nacional em Brasília e seu papel político.

As interfaces foram destacadas a seguir, com a avaliação crítica dos programas, da estrutura e da interação com o
Estado, com a própria CESE e outras agências de cooperação. No final, foram colocados oito desafios básicos ao
conjunto do Movimento. 1) Federalismo e eficácia na ação política; 2) Basismo x cupulismo; 3) Formação e
transição no MNDH; 4) Emergências e falta de Comunicação; 5) Planejamento Estratégico; 6) Temas-fronteiras
(geopolítica, bioética, globalização etc.); 7) Espaço público, relações internacionais e parceria; e 8) A mística e o
futuro do Movimento.

4. a. A Avaliação da avaliação

Este momento avançado do processo de avaliação do Movimento também foi submetido a um processo avaliativo
durante o encontro, em reuniões dos Regionais. A análise da avaliação CESE/MNDH foi acompanhada pela
discussão de propostas ligadas à estrutura do Movimento. Este debate teve também, como substrato, a proposta
que o Conselho Nacional havia aprovado em dezembro de l995, remetendo-a, em seguida, aos Regionais. A
seguir, os pontos levantados nesse rico momento do encontro em Brasília:

Norte I:

. O Regional Norte I referenda o documento preliminar da avaliação;

. Destaques: Visibilidade. Ações palpáveis em nível nacional, regional e local;

. Popularizar o Movimento;

. Pertença;

. O documento avaliativo final servirá como plano de diretrizes do Movimento.

Estrutura

. Conselho Nacional: manter os 16. Alternativa para a questão financeira: alternar a presença do conselheiro nas
reuniões em Brasília.

.Programas: 1. Justiça e Segurança Pública (eixo); 2. Políticas Públicas; 3. Gênero, Racismo e Discriminação.

Grupos de Trabalho: 1. Comunicação; 2. Formação.

Secretaria Executiva Nacional: Salvino José Medeiros (Brasília), Roberto Monte e Augustino Veit;

Norte 2:

. O MNDH, tendo como eixo central a defesa da vida contra a violência, é uma articulação indispensável na atual
conjuntura, onde o Estado mínimo aumenta a falta de garantia dos direitos sociais e especialmente básicos, como
característica do neoliberalismo. É necessário intervir nessa realidade, atuando com qualidade nos espaços
conquistados, o que perpassa a questão da foramação e do Movimento como interlocutor nacional, para a garantia
de direitos.

Sobre a visibilidade: O Movimento configura-se como um reflexo dos Regionais e CDHs e vice-versa. Avalia-se
que, nos anos de 1994 e 1995, várias atividades e ações foram desenvolvidas e a maioria delas ou quase todas não
o foram em nome do Nacional. Foram ações individuais, ou seja, sem o empenho para a visibilidade do
Movimento. Entende-se que há uma relação dialética entre visibilidade e pertença, numa caminhada paralela.

. Proposta: introjetar o MNDH nas práticas cotidianas, ressaltando que, para isso, é necessária uma Política de
Comunicaçào que venha garantir o repasse de informações. É também necessário um jogo de sedução para atrair
e garantir a relação de pertença, conforme a síntese das oficinas.

. comunicação: implementar a Política de Comunicação. Não podemos pensar o Movimento sem essa Política.

Proposta: construir um grupo de interesse que geste uma Política de Comunicação a ser socializada com um
Coletivo e nos Regionais, sob a coordenação de Dermi Azevedo. A Secretaria Executiva Nacional deve aparecer
como facilitadora e socializadora.

Identidade: Articular em Rede, atuar como interlocutor e prestador de serviço, ou seja, uma coisa não exclui a
outra . São complementares. Brasília, através do Coletivo, necessita ser o interlocutor oficial, do mesmo modo nos
Regionais.

Mote: o tema "Justiça e Segurança Pública". Um ponto importante seria implementar uma campanha pela
Democratização do Poder Judiciário. Utilizar, como estratégia, a proposta de que este tema perpasse todos os
direitos civis e políticos.

Estrutura e secretaria: concorda-se coma as propostas do Conselho, com exceção do número de conselheiros (16)
e se for necessário, indicar outras que não seja de fora do Movimento, para representá-lo.

MNDH/Estado: enquanto interlocutor, é necessário ser audacioso e propositivo, essencialmente nas questões de
Políticas Públicas. Ocupar espaços conquistados, conquistar outros espaços, a exemplo de São Paulo e do Pará, na
criação de Conselhos Estaduais de Direitos Humanos e de Segurança Pública. Buscar parcerias, especialmente,
com o Ministério Público e também com outras articulações nacionais, especificando qual a intervenção do
Movimento.

Perfil do Secretário: alguém que entenda de cooperação nacional e internacional; executor e implementador das
decisões tomadas em Asembléia Nacional e das ações cotidianas do Movimento; gerenciador de projetos;
responsável pelos arquivos e pelo material do MNDH; capaz de organizar e articular; iniciativa, agilidade e
eficácia nas ações; articulador dos Regionais.

LESTE II

. É imprevisível trabalhar a questão da Comunicação, para melhorar a visibilidade do Movimento;

. A Formação e a Comunicação devem ser trabalhadas pelo MNDH como uma Política;

. Clarear o que se trata realmente numa política de Comunicação;

. Estratégia de Formação/Comunicação para Centros com Centros; Centros com Regionais; Regionais com o
Nacional com os Centros;

. Esta política deve ser trabalhada de forma constante;

. Há necessidade de uma política de publicação de materiais para a formação dos militantes;

. O processo avaliativo deve continuar;

O eixo do Movimento: "luta pela vida, contra a violência".

. Há falta de intervenção do Movimento no desrespeito aos direitos humanos, a nível nacional, como em
Corumbiara, por exemplo.

Estrutura:

Programas: Justiça e Segurança Pública - principal programa; Políticas Sociais; Gênero, Racismo e
Discriminação; Formação e Comunicação.

.Conselho: 16 conselheiros - reuniões apenas com 8;

.Periodicidade dos encontros nacionais: 2 em 2 anos;

.Executiva Nacional: Augustino Veit e Oscar Gatica;

Assessoria de Comunicação: um profissional. Nome: Dermi Azevedo.

Oficinas: como serão encaminhadas, pelo conselho, as propostas apresentadas pelas Oficinas, neste encontro?

SUL I

Complemento à avaliação: palavra-chave - visibilidade. Ligada ao assumir da identidade de filiação; à ação
política, tendo o MNDH o papel de eco, reforçando, para isto, a Política de Comunicação e tendo a solidariedade
como principal referência.

Estrutura

. Programas: manter como programas - Justiça e Segurança Pública; Políticas Sociais Públicas e Gênero, Racismo
e Discriminação.

. Coletivos Nacionais: de Comunicação e de Formação, cada qual integrado por um representante de cada
regional.

. Composição do Conselho Nacional: 16 integrantes.

. Secretariado Nacional: um Secretário liberado, em Brasília - Augustino Veit e outro liberado, fora de Brasília,
Oscar Gatica.

SUL 2

O conjunto do Regional Sul 2 ratifica a continuidade do processo avaliativo, em todos os Regionais.

. É necessário que haja vontade política dos CDHs para divulgar o nome do MNDH, encaminhando às Secretarias
Regionais a sitematização de suas ações e iniciativas, para as providências cabíveis.

.Há necessidade de Assessorias de Comunicação, Formação e Jurídica;

.Há necessidade de o Movimento posicionar-se politicamente sobre as grandes questões nacionais e
internacionais;

Estrutura

. Assembléia Nacional: de 3 em 3 anos;

. Conselho Nacional: 2 conselheiros por Regionais, sendo um deles o Secretário Regional;

. Secrataria Executiva Nacional: 1 Secretário Nacional e 3 coordenadores de programas, com 2 liberados;

Assessorias: Comunicação, Formação e Jurídica;

Programas: 1 Justiça e Segurança Pública - programa eixo, logomarca do MNDH; 2. Políticas Sociais; e, 3.
Gênero, Racismo e Discriminação.

Secretário Nacional: Augustino Veit

LESTE I

Identidade: a identidade do MNDH é de Movimento pois ele se manifesta politicamente, se pronuncia. Há
debilidades que resultaram em não mostrar o Movimento com essa característica. Exemplo: o não
pronunciamento claro em certos acontecimentos: caminhada da moradia; 300 anos de Zumbi; Chacina de
Corumbiara etc.. Falta articulação do MNDH com outros Movimentos Nacionais específicos. É necessário ser
parceiro e clarear o que é específico do Movimento nessa parceria.

O Movimento é rede e falta melhorar esse funcionamento como rede. Como melhorar a interlocução, pois os
centros fazem referência à sua relação com o Movimento?

. A secretaria do MNDH deve fazer-se presente no dia-a-dia, nos assuntos gritantes de violação aos direitos
humanos, nacional e internacionalmente.

.O Banco de dados é uma das ferramentas importantes para fortalecer a identidade do MNDH, porque subsidia a
intervenção. Identidade: Movimento=REDE/Parceria e Assessoria.

. O MNDH para ser movimento deve ser um bom agente articulador, identificar-se também como rede.

. Visibilidade, uma prioridade do MNDH para poder se apresentar mais claramente.

.O Movimento, ao trabalhar em parceria, é um suporte para os outros movimentos ncionais filiados, específicos,
devendo respeitar a sua identidade.

. Os movimentos filiados devem compreender que o MNDH serve de respaldo, apoio, força, suporte institucional.

O MNDH articula-se para ser ator social, capaz de intervir na sociedade, no sentido de sensibilizá-la para uma
cultura dos direitos humanos. Quando os centros se isolam, não conseguem ser atores sociais.

O MNDH deve esforçar-se no sentido de ser mais eficaz na sua atuação - profissionalismo, a nível institucional e
na sociedade. Deve buscar estratégias que sejam viáveis e fortaleçam as ações das entidades de sua base. A
aproximação dos outros movimentos nacionais dá-se a partir da luta, contra a violência e o MNDH deve
pronunciar-se sobre todo tipo de violação de direitos.

. O Movimento é movimento, rede, parceiro, assessor. Seu eixo principal é a luta contra as violações aos direitos.

Estrutura

. A proposta é a de continuar com os 3 programas.

. Programa de Justiça e Segurança: buscar subsídios mais esclarecedores sobre os conceitos de segurança pública
e justiça. O Movimento deve elaborar e formular esses eixos de segurança e justiça, avançando no conceito mais
amplo de segurança: direito ao emprego, à segurança alimentar, os direitos dos negros, das mulheres, do habitar
digno.

Formação: na base - criar grupos ágeis de trabalho sobre formação, que aprofundem, elaborem, dêem suporte e
acumulem discussão sobre diversas temáticas. A formação deve ser dirigida às necessidades que se apresentem
dentro de sua política de intervenção. Assim, participará do grupo quem tiver interesse. Os centros deverão
promover grupos de discussão política com os novos militantes e com os delegados, além de encontros, para maior
compreensão dos temas.

. Comunicação: sua falta não incentiva as atividades. Discutir no Movimento uma Política de Comunicação capaz
de subsidiar a rede. Criar instrumento de interlocução entre o MNDH e suas bases, para que seja possível a
relação com elas e com outras entidades. Deve ser pensada uma estrutura nacional dinâmica e eficaz.

NORDESTE

1.1. Vídeo da avaliação: visão unilateral, expressando, na maior parte, opinião apenas de uma pessoa. Não
contemplou o conteúdo pleno de opiniões existentes no interior do Movimento. Proposta: o vídeo deverá ser
refeito.

1.2. Dificuldades para avaliar o documento. Não leitura pela maioria do Regional e leituras breves, inclusive os de
referência - contexto histórico.

Apesar disso, trabalhamos três temas.

1. Somos indispensáveis enquanto articulação?

Resposta: somos fundamentais enquanto movimento. Por exemplo, surgimento do Grupo de Trabalho sobre
Violência/Banco de Dados e definição do eixo Justiça e Segurança Pública. Não foram consideradas ações
efetivas pelo Movimento.

1.3. Comunicação. Entupimento generalizado. Vê como fundamentais a questões, no entanto acrescenta que,
apesar de ser ressaltada e deliberada em várias assembléias a importância da Comunicação, ela não se efetivou
até o presente momento de forma concreta por falta de competência e gerenciamento.

Na elaboração de e implantação da Política de Comunicação contemplar, interna e externamente, as necessidades
do Movimento.

1. 4 No documento, a síntese deveria expressar melhor o conteúdo das falas citadas, porque estas apresentam
concepções diferenciadas no tocante à identidade do Movimento e, na síntese, prevaleceu o não dito.

Estrutura

1. Conselho Nacional: enxuto, funcional e agíl. Seu papel é o de definir diretrizes, políticas estratégicas para o
Movimento.

2. Executiva: Colegiado, com um coordenador geral, um coordenador de programa, um coordenador
administrativo-financeiro. Função de gerenciamento e captação de recursos.

. Contratação de serviços de consultoria para a elaboração do plano estratégico e operacional.

Proposta para o plano bi-anual:

- definição de um programa para o eixo. Defesa da vida contra a violência.

- Campo de atuação: Política de Justiça e Segurança Pública.

- Comunicação: deverá ser tratada como uma estratégica fundamental - projeto de Política de Comunicão.

- Gênero e raça e Formação sejam diretrizes institucionais do Movimento como dimensões que perpassam o
programa eixo, ações e projetos.

- Incluir no plano de formação, visando a sensibilização dos militantes, referenciais teóricos;

- Crianção de Gts pelas entidades que atuam nas referidas temáticas.

- Políticas Públicas: deixa de ser um programa e passa a ser o campo de intervenção.

Criança e Adolescente: enfatiza os encaminhamentos da oficina. As demais temáticas: tratamento igual aos das
oficinas C e A, verticalizando com o eixo do Movimento.

Citérios para o perfil do Secretariado: experiência na relação com a cooperação nacional e internacional;
conhecimento e capacidade de análise da realidade do Movimento; trânsito nos Regionais; capacidade de
comunicação.

CENTRO-OESTE

1. Realizar uma Conferência Nacional de Direitos Humanos;

2. Realizar campanhas e manifestações nacionais (Dia internacional de Direitos Humanos);

3. Discutir e aprofundar a mística do MNDH;

4. Discutir os limites das autonomia das entidades e centros;

5. Que o Secretário Nacional tenha uma assessoria de comunicação.

6. Estabelecer uma Política de Comunicação que atenda a necessidade de todos os centros e entidades de direitos
humanos;

7. Que o Conselho Nacional continue o processo avaliativo;

8. Que os Regionais realizem um diagnóstico de seus filiados;

9. Que o MNDH emita uma carteira de identidade para os seus filiados, com o controle dos Regionais;

10. Que os Regionais dêem um acompanhamento assíduo aos seus filiados;

11. Que o eixo do MNDH continue sendo a luta pela vida contra a violência;



5. AS PRINCIPAIS DECISÕES DO 9º ENCONTRO NACIONAL

Com base em todos estes pontos e abordagens, a assembléia nacional do Movimento adotou as seguintes
decisões:

5.1. AVALIAÇÃO

Há consenso de que se trata de um processo ainda não concluído, tendo, assim, um caráter permanente. O MNDH
propõe à equipe mista CESE/MNDH que incorpore novos depoimentos de militantes mais recentes, de dirigentes
ecumênicos. Sugere também que a avaliação seja comparada com outras, feitas por agências de cooperação,
abrangendo outros movimentos e organizações sociais brasileiras, tais como, Meninos e Meninas de Rua, CPT,
etc.

5.2. Encontros Nacionais: de dois em dois anos

5.3. Programas Nacionais:

5.3.1. Justiça e Segurança Pública: programa-eixo do movimento;

5.3.2. Políticas Sociais Públicas;

5.3.3. Gênero, Racismo e Discriminação.

5.4 COLETIVOS

5.4.1. Formação

5.4.2. Comunicação

Constituídos e organizados com a participação de um representante dos Regionais, mais um representante do
Conselho Nacional, com coordenação eleita pelo próprio Coletivo e ligado orgânicamente com o Secretariado
Nacional.

5.5 Papel do Conselho Nacional

Instância máxima de deliberação política do Movimento, entre uma e outra Assembléia Nacional. Com
cooredenação própria escolhida pelos conselheiros. Diferentemente do modelo adotado em Salvador/1994, a partir
de agora os conselheiros não estão mais diretamente ligados a programa nacional.

5.6 Composição do Conselho Nacional : mantida a organização com 16 integrantes, dois por regional.

5.7. Papel do Secretariado Nacional: Principal instância executiva do Movimento, dotada igualmente de papel
político, delegado pela Assembléia Nacional e pelo Conselho Nacional.

5.8. Composição do Secretariado Nacional:

Três Secretários Nacionais, um deles Secretário Geral, em Brasília.

5.9 Nomes Escolhidos para o Secretariado Nacional

Salvino José dos Santos Medeiros, Secretário Geral

Augustino Veit e Juan Oscar Gatica, Secretários Nacionais.



6. MOÇÕES

Na sessão final dos trabalhos, a assembléia aprovou as seguintes moções:

1. Ao Governador do Paraná, Jaime Lerner e ao presidente da Assembléia Legislativa deste Estado, Aníbal Curi,
para que adotem providências com vistas à instalação do Conselho Estadual de Direitos Humanos.

2. A companheira Graça, do CDDH de Joinville/SC que, por estar gravemente doente, não pôde comparecer ao
encontro, recebendo, assim, a manifestação de carinho e amizade de todo o Movimento.

3. Ao Governador de Tocantins, Siqueira Campos, manifestando repúdio à política habitacional deste Estado, com
graves prejuízos às famílias mais pobres.

4. Ao Secretário de Estado de Segurança Pública de São Paulo, José Afonso Silva, pela priorização de políticas
baseadas nos Direitos Humanos e na punição a policiais que violam a Constituição e as leis.

5. Ao Centro Oscar Romero, de São Paulo, pela implantação do projeto "Conquistanto Cidadania", que prevê a
construção de um Instituto de Cidadania, no bairro do Ipiranga, zona sul Paulistana.

6. Ao Presidente do Senado Federal, Senador José Sarney, para que apóie o projeto de 0098/91, do Deputado
Paulo Delgado (PT/MG), e as emendas a ele anexadas pelo Senador Lúcio Alcântara, sobre a substituição dos
manicômios judiciais.

7. Ao Congresso Nacional, manifestando apoio ao projeto de lei 233/96, do Deputado Federal Gilney Viana
(PT/MT) e outros, sustando o Decreto 1775/96, que estabelece normas sobre a demarcação de terras indígenas.

8. Ao Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Natal, manifestando-lhe apoio pela luta contra a ação
de grupos de extermínio pára-militares e também de solidariedade aos companheiros Luiz Gonzaga Dantas e
Francisco Gilson Nogueira de Carvalho, ameaçados de morte por causa dessas denúncias.

9. À Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB, em reconhecimento e apoio à iniciativa de escolher o tema
"Justiça e Paz se abraçarão. Política e Fraternidade" para a Campanha da Fraternidade deste ano. Do mesmo
modo, por ter escolhido a questão carcerária para a CF/l997.

10. Ao Ministro da Justiça, Nelson Jobim e ao Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro, repudiando o
decreto 1775/96, do contraditório na demarcação de terras indígenas;

11. À Comissão das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e à Federação das Organizações
Indígenas do Rio Negro (Foirn), em solidariedade à demarcação das terras indígenas e em repúdio ao decreto
1775/96.

12. Em homenagem à Maria Olinda de Oliveira Menezes, militante do MNDH, em Serra/ES, morta num acidente
de trânsito, em fevereiro último.

13. À Procuradoria da República no Acre, à Funai e a outras autoridades, pela anistia para Antônio Luiz Batista de
Macedo, preso em setembro do ano passado, libertado com sursis, por descato à autoridade, em pena considerada
iníqua pelas ONGs e pela Procuradoria Regional de Direitos Humanos nesse Estado. Antônio tem significativa
história de contribuição às causas sociais e populares. A moção inclui também repúdio ao Governador do Acre,
Orleir Cameli, por este mesmo motivo.

14. De Repúdio à inciativa do Governo e do Congresso dos Estados Unidos de adotarem medidas de
recrudescimento do bloqueio econômico e político à República de Cuba.

15. Ao Poder Judiciário do Estado de São Paulo, pela libertação imediata dos companheiros Diolinda Alves de
Souza, Felinto Procópio, Claudemir Cano e Laércio Barbosa, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
A Moção é extensiva ao Governador Mário Covas, ao Secretário da Justiça, Belisário dos Santos Junior, ao
Delegado de Polícia da Sandovalina, Marco Antônio Fogolin.

16. Ao Ministro da Justiça e à chefia da Polícia Federal, pela punição dos agentes responsáveis pela tortura e
assassinato de José Ivanildo Sampaio de Souza, em 25 de outubro de 1995, em Fortaleza/CE.

17. Aos Grupos de Direitos Humanos das Paróquias Cristo Rei e Cristo Libertador, de Ipatinga/MG, diante das
dificuoldades e pressões que vêm enfrentando no seu trabalho.

18. Ao presidente do Paraguai, Juan Carlos Wasmosi, diante das prisões ilegais, torturas e assassinatos de
brasileiros pobres, em sua mairia negros, por parte da Polícia Nacional Paraguaia, sobretudo na região de Santa
Rita, Departamento do Alto Paraná, envolvendo o comissário Gilberto Viveiros e seus comandados.

19. À Embaixada do Irã em Brasília, repudiando a perseguição e morte de seguidores da Comunicade Baha’i;

20. À Embaixada da Nigéria em Brasília, repudiando a execução sumária, em l995, de intelectuais e defensores
dos direitos humanos.

21. De apoio à iniciativa do Governo do Sergipe por implantar o projeto Segurança e Cidadania e Política
Comunitária.





7. ANEXOS

7.1. Mensagem da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados aos participantes do 9º Encontro
Nacional do MNDH;

7.2 Texto documento do Programa Gênero, Racismo e Discriminação

Discriminação Sócio/Racial - Ideologia e Prática do Estado Brasileiro

7.3 Lista dos participantes do 9º Encontro Nacional;

Delegados

Convidados

Observadores

Assessores

Equipes de apoio

(Obs. acrescentar lista abaixo)

Endereços

Carta de Princípios do MNDH

Conselheiros Nacionais

Secretariado Nacional

Sede Nacional e Secretarias Regionais

Crédito: Relatório do 9º Encontro Nacional do MNDH. Redação: Dermi Azevedo; Revisão: Salvino José dos
Santos Medeiros, Secretariado Geral.





Acróstico: "Direitos Humanos" (L&M Sal)

Dividi um sonho em partes

Iguais entre nós

Reunindo-o numa canção

Elos que nos tornem sãos e fortes

Imaginei o Sol iluminado ali

Tudo o que a gente quer ver nascer

Olhemos as flores nos bosques tão lindas e desiguais

São partes na natureza e se completam e ainda nos transferem paz

Homens, Mulheres nessa luta

Unamos de vez nosso ideais

Mais clareza, mais transparência naquilo que a gente faz

Anunciando um outro amanhã

Na contramão da história

Onde o que se planta frutificará

Segundo o cuidado do plantador. Dosando a paixão, dosando o saber

Sentindo a semente e o chão

O tempo da gestação, O AMOR

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