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Todos Os Seres Humanos...
Manual da Educação para os Direitos do Homem

2. Uma Pedagogia dos Direitos do Homem
Os conceitos, os conhecimentos
As praticas, os projetos de ação
O debate, a discussão em torno de valores
Sugestões para escolas primárias
Sugestões para escolas do ensino básico e secundário

 

 

 

 

 

2. Uma pedagogia dos direitos do Homem

Não se pode aprender quais são o direitos de todos os seres humanos de uma forma passiva, segundo um modelo do ensino impositivo e autoritário. Os direitos da criança são os direitos do aluno na turma, deve ser respeitado, reconhecido na sua dignidade e liberdade. Eis a razão por que os métodos mais adequados à educação dos direitos humanos colocam o aluno no centro do processo educativo e suscitam a sua atividade de reflexão autônoma. Os métodos ativos são, pois, particularmente apropriados.

A educação para os direitos humanos articula-se em torno de três pólos interdependentes: o saber, os conhecimentos e os conceitos, por um lado; as práticas educativas e os projetos interdisciplinares, por outro; e ainda, os debates relativos aos valores. Este tríptico pedagógico permite superar o fosso que existe, com demasiada freqüência, entre o saber e a ação. Contentar-se em citar os direitos humanos e obrigar à sua memorização não é adequado a uma educação que visa atitudes de respeito pelo outro e ações para promover o Direito e os direitos. As crianças são extremamente sensíveis às diferenças entre palavras dos adultos e as suas atitudes, entre o dizer e o fazer. Vêem aí uma falta de sinceridade, uma injustiça que as conduz a deixarem de confiar nos adultos e, por isso mesmo, a duvidarem da validade do discurso sobre direitos humanos.

À vontade de estabelecer uma verdadeira comunicação é essencial. É a via que faz passar mensagens de uma pessoa para outra.

Existem várias maneiras de comunicar com o outro: a comunicação não verbal (a linguagem corporal, por exemplo), a expressão corporal, o diálogo. Este conjunto de formas de comunicação permite aos alunos desenvolverem as competências para um pensamento autônomo e uma capacidade de expressão.

A comunicação não verbal – sinais com o olhar, com o rosto atitudes corporais – permite ao professor ver se o aluno compreende o que está a ser dito, se está motivado pela atividade proposta... Ou se está cansado ou aborrecido. Por outro lado, os alunos recebem do professor mensagens que nunca foram verbalizadas: se a voz, ou a linguagem corporal do professor forem agressivas, as suas palavras sobre a paz e os direitos humanos não terão grande impacto. Os alunos notam que o professor não acredita naquilo que está a dizer. É importante que as mensagens dirigidas às crianças estejam impregnadas de sinceridade, que a linguagem corporal do professor, as palavras que pronuncia, a sua atitude, sejam as primeiras ilustrações de uma mensagem de paz.

Os exercícios de “pergunta – resposta” fazem parte da comunicação. As crianças devem ouvir-se umas ás outras e ouvir o professor. O professor também as ouve. É preciso parafrasear, retomar o que dizem os alunos e perguntar: “estão a perceber?”. Lembrar-se de que aquilo que lhes é pedido é que reflitam, que exprimam as suas idéias e os seus sentimentos. Quando é feita uma pergunta, convém esperar um momento até que alguém responda. A pergunta não deve ser imediatamente explicitada e a resposta não deve ser dada demasiado depressa. Todos os professores são artesãos da comunicação. Podem recorrer a debates, relatos, desenhos, jogos, canções, cartazes, textos, para ajudar as crianças a aprenderem os direitos humanos.

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Os conceitos, os conhecimentos

Mesmo que, num domínio como os direitos humanos, a ação deva ser preponderante, é igualmente preciso conhecer os enunciados da Declaração Universal, das Convenções Internacionais e, sobretudo, compreender os conceitos em que se baseiam (cf. primeira parte) para se ter plena consciência do seu valor.

É por isso importante apresentar os textos fundamentais aos alunos, quer na sua globalidade, quer pela análise de artigos que dizem diretamente respeito à experiência vivida pelas crianças e pelos adolescentes.

Em muitos paises existem cursos de educação cívica ou educação social. Esses cursos devem ser centrados nos direitos humanos, na democracia e na paz, uma vez que constituem os elementos fundamentais de uma autêntica cidadania. Podem constituir o lugar de debates sobre direitos e os valores universais, e ser uma ocasião para analisar atos da vida quotidiana à luz dos critérios dos direitos humanos.

Os conceitos fundadores dos direitos da pessoa humana podem ser ilustrados, expressos pelas crianças na sua linguagem própria, numa redação de textos que retome os princípios essenciais, contidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem ou na Convenção dos Direitos da Criança. Tal como no domínio do saber, os métodos ativos devem ser privilegiados. Para além da educação cívica, todas as disciplinas escolares podem contribuir para a elaboração dos conceitos necessários à compreensão dos direitos humanos.

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As práticas, os projetos de ação

Os cursos sistemáticos de educação cívica, mesmo que essencialmente centrados em torno do conhecimento dos direitos humanos, não são suficientes para que as atitudes e os comportamentos humanos se inspirem nesses mesmos direitos humanos. Por isso, os professores devem suscitar ações de solidariedade e a criação de acontecimentos (exposição sobre o trabalho das crianças cobre este ou aquele direito humano, peças de teatro, etc.). Estes projetos correspondem, por um lado, à filosofia dos direitos humanos, que reclama a cooperação entre as pessoas e entre os Estados, e por outro lado à pedagogia de projeto e aos métodos ativos.

Estes acontecimentos atingem ainda melhor os objetivos se tiverem um caráter internacional e forem ocasião para uma correspondência escolar internacional. Os jogos de animação teatral inventados pelos alunos, de que numerosos exemplos chegaram à UNESCO, quando encenam um direito particular desrespeitado e depois reconhecido, constituem práticas educativas perfeitamente adequadas à educação para os direitos humanos. Os chamados << jogos de sociedade>>, que requerem discussão e cooperação em grupos, podem ser adaptados à temática de direitos humanos e dos direitos da criança, tanto no ensino básico como nas escolas secundárias. Estes projetos educativos são necessariamente interdisciplinares. Desenvolvem e combinam disciplinas variadas, nomeadamente a história, a geografia – incluindo a geopolítica -, artes plásticas, a literatura e a educação cívica.

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Debate, a discussão em torno de valores

Sobretudo nas escolas de ensino secundário, podem ser organizados debates relativos a cada um dos direitos humanos enunciados na Declaração Universal de 1948. A terceira parte deste manual apresenta muitos exemplos de temas de discussão entre alunos. Esses debates são introduzidos e moderados pelo professor: os direitos humanos não são impressões subjetivas, afetivas. São princípios que fundam o direito positivo, são organizados de modo a fazer respeitar a liberdade de palavras de cada um, tornam progressivamente visível a racionalidade e a universalidade dos direitos.

A aplicação dos direitos humanos não é uma evidencia natural, constitui, necessariamente, objeto de debate. É através do dialogo que os alunos podem realmente fazer seus esses valores e integrá-los na sua ação presente e futura. Impor, sem analise prévia, esses direitos seria condená-los no seu próprio fundamento, que é a liberdade humana.

Ao longo destes debates, os jovens aprendem simultaneamente os conceitos dos direitos humanos e da democracia. Não há funcionamento democrático sem liberdade de expressão. Os direitos humanos, que se impõem a todos os Estados, estão ligados à idéia de democracia.


O debate, elemento constitutivo de uma sociedade democrática

A liberdade de pensamento e a liberdade de expressão fazem parte dos direitos humanos. Uma situação pontual, uma situação de emergência (roubo entre alunos, observação identificada, ato de violência) podem levar um professor a improvisar um debate. Acontece que os alunos confundem freqüentemente debate com espetáculo televisivo. O professor lembra então que a escola é um lugar de aprendizagem da democracia. O debate é um meio para que todo o individuo exprima seu pensamento. Confrontar-se com o pensamento do outro é condição sine qua non da existência do debate e do aparecimento de uma sociedade democrática; ter como referência a lei e as exigências não priva o individuo do direito de criticar, de contestar, de reivindicar.

A liberdade de expressão tem por corolário a aceitação da diversidade de pensamento; o debate permite a expressão desta diversidade. No entanto, não deve de alimentar a idéia de que todas as opiniões tem o mesmo valor.

A expressão da pluralidade de pontos de vista deve fazer-se no respeito pelos valores da democracia e remeter para o quadro jurídico que organiza essa liberdade. A expressão do racismo não é uma opinião, constitui um delito.

Por isso, organizar um debate corresponde a uma aprendizagem que tem por objetivo mostrar os alunos que se trata de elemento constitutivo da democracia. O papel do professor é essencial.
Para além do tema escolhido, ele fará compreender a própria noção de debate no quadro de uma prática que deve também basear-se nos aspectos formais, se o tema for fonte de interrogações, de angústias e de paixões.

É conveniente programar esta aprendizagem formal com uma antecedência razoável, logo no inicio do ano letivo, para poder utilizá-la e aperfeiçoá-la ao longo do ano.

O cuidado posto na organização formal do debate favorece o intercâmbio. A disposição tradicional da sala de aulas não é a mais adequada. É necessário fazer com que os alunos se possam ver e ouvir. O intercâmbio diz respeito ao principio do direito à palavra, que é acompanhado do respeito pela palavra do outro, implica a interdição de gritos e de ataques pessoais e o recurso a um vocabulário correto. O professor leva os alunos a manterem-se suficientemente distantes e a não personalizarem as intervenções. Aprender-se-á que nem todos os exemplos vividos têm o mesmo valor universal.

O professor define o seu papel. Pode decidir intervir apenas no fim, para fazer um balanço: pode intervir regularmente, para introduzir precisões jurídicas, históricas ou éticas. Ele vela para que o debate não seja reduzido a uma simples troca de pontos de vista ou a generalizações apressadas.

Os alunos poderão designar um presidente de sessão para dar a palavra alternadamente a uns e outros, à medida que a pedirem. Com ajuda de um relógio, poderão garantir um tempo de expressão igual para todos, evitando assim que alguns monopolizem a palavra. Um ou dois relatores serão encarregados de tomar nota das diferentes intervenções.

Para os alunos, aprender a debater á aprender a pensar, a ouvir e a argumentar. Organizar um debate é, para os professores, aprender a moderar, a regular. É permitir aos alunos aprenderem, construindo sua personalidade, no respeito às diferenças pelas exigências de verdade, de ética e da lei. É, portanto ocasião para um trabalho sobre a identidade: é preciso aprender a exprimir-se, a ouvir o outro, a consentir em mudar de opinião sem ter medo de “perder a face”.

Fonte:
Documentos de apoio dos Programas Oficiais de Educação Cívica para o Ensino Básico (2,3) e secundário de França (“Collèges”).


A convenção dos Direitos da Criança

Esta convenção deve ser aprendida e explicada desde o 1º ciclo do ensino básico. As crianças aprendem que são pessoas titulares de direitos. É muito importante que os alunos compreendam que eles próprios devem ser respeitados na sua dignidade física e moral e que devem respeitar todos os outros seres humanos, próximos e afastados, crianças e adultos.

Certos direitos de proteção, como, por exemplo, o direito de recusar as agressões sexuais ou a prostituição infantil, devem ser expostos coma prudência necessária para não provocar angústia. É importante prevenir crianças contra as violências de que podem ser objeto, dizer-lhes que podem fazer valer os seus direitos na justiça. A luta contra os maus tratos das crianças passa pela tomada de consciência dos seus próprios direitos.

Apresentar e explicar o direito à educação confere um significado preciso de obrigação de ir à escola e de se instruir. É de construir escolas, de as equipar e de tornar possível o acesso de todos, moças e rapazes, à escolaridade básica. Cabe aos professores dizê-lo e explicá-lo e colocar o direito à educação no centro das atividades.

Em torno da Convenção, as crianças inventam contos, representam peças de teatro, pondo em cena crianças adultos que querem que os direitos da criança sejam respeitados em todo o mundo. Desenhos livres podem ilustrar um ou outro artigo.

Por fim, é preciso lembrar que o jogo é necessário ao desenvolvimento intelectual e afetivo das crianças, e que brincar é vetor da capacidade de viver em sociedade. Por este motivo a Convenção dos Direitos da Criança pode ser objeto ou suporte dos chamados “jogos de sociedade”, muito apreciados pelas crianças.

Alguns exemplos deste tipo de jogos encontram-se no fim deste manual.


Os direitos das mulheres e das moças

Reconhecer as diferenças e desenvolver o respeito mútuo entre rapazes e moças

As crianças pequenas, moças e rapazes, deveriam aprender juntos, através das atividades vividas em comum, que a noção de diferença entre os seres humanos tem um caráter positivo, ajuda os grupos sociais a abrirem-se à idéia de igualdade entre homens e mulheres, rapazes e moças.

Podemos, por exemplo, pedir às crianças que verifiquem as numerosas situações em que rapazes e moças da mesma idade agem da mesma forma, como os seus corpos se assemelham e têm iguais necessidades humanas (alimentação, cuidados de saúde, habitação, etc.). Podemos depois fazer algumas perguntas: como e quais aspectos que nos tornem diferentes (o tamanho, os gostos, a cor do cabelo e dos olhos); como e porque é que essas diferenças tornam um grupo mais rico?

A mensagem a transmitir deve ser clara: somos todos diferentes uns dos outros, as moças e os rapazes são diferentes, mas todos somos iguais em direitos. Temos um valor igual e devemos considerar que, nas aulas, todos temos as mesmas atividades. Devemos ser tratados com o mesmo respeito e devemos ter igual acesso às riquezas das nossas comunidades.

No que toca às crianças mais velhas, os professores podem estimular uma reflexão sobre os diferentes papéis e funções das moças e dos rapazes. Quais as diferenças que existem nos seus jogos? Por que é que, por vezes, se prefere brincar só entre rapazes ou só entre moças? Por que razão é importante respeitar os outros, mesmo quando são diferentes? É preciso sensibilizar as crianças para a importância dos sentimentos dos outros e do seu auto-respeito: o que sentiram quando os outros lhes faltavam com respeito?

Como é que os rapazes implicam com as moças? Como é que, por sua vez, elas os censuram ou lhes faltam com respeito? É preciso fazer com que os alunos reflitam sobre a importância do respeito mútuo entre rapazes e moças. Seria útil suscitar os testemunhos dos alunos sobre a experiência das diferenças ligadas ao sexo das pessoas, mesmo quando vivemos numa comunidade onde as pessoas são mais semelhantes do que diferentes. Se o “sexo” pode sr um pretexto para a falta de respeito, poderemos ser capazes de respeitar plenamente os seres humanos nas suas diferenças de etnia, de raça, de religião, de classe social?

O respeito pelas diferenças é importante para aprendera a viver na aula e para viver em paz na comunidade; o respeito entre rapazes e moças é capital no seio da família, na nação, no mundo. É preciso chamar a atenção para o fato de as Nações Unidas terem estabelecido que a igualdade entre homens e mulheres é fundamento importante para paz mundial e comentar o Programa de Ação da UNESCO para a igualdade entre os sexos adotados na Conferencia Mundial sobre as Mulheres (Pequim, 1995).


A igualdade para todos

O principio do direito universal à educação permite explicar às crianças a noção de discriminação entre rapazes e moças. Podemos por exemplo, evocar casos de sociedade em que as moças beneficiam menos que os rapazes do acesso à educação.

Podemos organizar uma atividade onde as crianças são convidadas a representar, através de um desenho, a profissão que gostariam de ter no futuro; quando as crianças tiverem explicado os seus desenhos, falar das aprendizagens e do ensino de que precisam para exercerem tal profissão. Trata-se de uma profissão tradicionalmente exercida por homens, por mulheres, pelos dois sexos? Seria mais vantajoso para as famílias e para a sociedade se essa profissão fosse exercida por homens, por mulheres, por toda para se preparar para ela? As moças e os rapazes, na nossa cidade, na nossa aldeia, no nosso país, têm acesso a tal educação? Por que razão é que ter uma população com um elevado grau de educação é tão importante para uma nação?

É oportuno refletir sobre os meios que levariam as famílias, os grupos sociais e os países a beneficiar de mais pessoas com preparação, permitindo em particular às moças o acesso a todos os tipos de formação. Notemos, no entanto, que a noção de <<acesso igual>> não exclui a existência de escolas separadas para moças e rapazes. A equidade é a orientação primordial em matéria de distribuição de subsídios, quer na qualidade do ensino, e isto é válido para todas as camadas sociais da população. a educação não deve ser limitada, ou até recusada, com base no sexo ou noutros aspectos da identidade humana.


Combater os estereótipos

Para combater os estereótipos, poderá ser útil selecionar algumas histórias ou contos, a partir dos quais as crianças possam analisar a tipologia dos comportamentos das diferentes personagens. É desejável mandar ler ou contar essas histórias durante várias aulas, devagar, para que as crianças possam memorizá-las. Depois da leitura de cada história, as crianças poderão ser convidadas a descrever as principais características das personagens e a maneira como foram descritas.

Depois de os alunos já terem ouvido algumas histórias, pedir-lhes para apontarem as semelhanças encontradas entre as personagens masculinas e femininas dos vários contos. É muito provável que esses traços correspondam a preconceitos correntes sobre os homens e mulheres.

Em pequenos grupos, as crianças podem então imaginar uma “nova redação” da história, para que os preconceitos atribuídos aos homens o sejam às mulheres, e vice e versa. Se não conseguirem, poderá propor-se a concepção de uma história completamente diferente, segundo o mesmo esquema de inversão dos papéis estereotipado. Este será o momento oportuno para explicar a noção de estereotipo em geral e de estereotipo ligado ao sexo, em particular. Se esta atividade for desenvolvida numa turma mista, os grupos podem ser mistos ou não. Pode ser instrutivo observar as diferenças entre os grupos a partir das histórias que inventaram e as dificuldades que encontraram no imaginarem os papéis inversos.

Depois, pode ser lançado um debate, no decorrer do qual os rapazes reflitam sobre as experiências que viveram pessoalmente e que não correspondem aos estereótipos identificados através das histórias. Poderá chegar-se, muito simplesmente, à conclusão da existência de sentimentos humanos vividos tanto pelos homens como pelas mulheres, que moças e rapazes, homens e mulheres têm características comuns e diferentes. Mo domínio dos direitos humanos, a idéia importante é que cada um possa desenvolver todas as suas competências humanas no quadro da sua identidade, de sua personalidade.

Também se podem contar “histórias verdadeiras” do século XX, que relatem acontecimentos como os do movimento Chipko na Índia, que se opôs aos bulldozers que iam destruir as florestas, o movimento das Mães da Praça de Maio, que protestaram contra a prisão arbitrária e o desaparecimentos dos seus filhos, o movimento das populações indígenas da Guatemala por Rigoberta Menchú Túm, etc.

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Sugestões para as escolas primárias

Nas escolas do 1º ciclo básico, o mais importante é desenvolver atitudes de respeito pela igualdade e pela diversidade dos seres humanos. É um ponto de partida para aderir aos valores que constituem o cerne dos conceitos e dos princípios dos direitos humanos. A relação fundamental entre direitos humanos e responsabilidade deverá ser introduzida em cada fase da educação. Seguindo este fio condutor, poderão ser explorados domínios variados para ilustrar os conceitos dos direitos humanos.

Os conhecimentos sobre o mundo natural estão simultaneamente ligados aos estudos científicos e sociais, à literatura, às disciplinas artísticas. As lições no âmbito destas disciplinas podem valorizar diretamente a complexidade e o equilíbrio que a ecologia da terra, das regiões, dos lugares exigem. As crianças podem ser instruídas sobre os ecossistemas e as especificidades geográficas da sua própria cidade ou aldeia. Os professores podem mostrar como a vida humana depende da responsabilidade de cada um em relação ao meio ambiente natural. Por que a qualidade do meio ambiente depende da responsabilidade dos seres humanos e o bem-estar dos indivíduos depende do ambiente, estamos em interdependência com a terra. Esta interdependência evidencia duas características dopa direitos humanos: eles correspondem a necessidades humanas e simultaneamente dependem da responsabilidade humana. Chegamos assim ao conceito de direito a um ambiente são e equilibrado. As lições sobre as diversidades dos seres humanos, tão importantes para que a vida em sociedade seja justa, podem ser introduzidas desde o primeiro ciclo de ensino. Os professores podem mostrar de que modo um ambiente equilibrado facilita numerosas formas de vida que, embora apresentando diferentes especificidades, desempenham funções indispensáveis. Podem comparar os traços que caracterizam a s diferenças entre os seres humanos e que ajudam a manter as sociedades e a responder às nossas necessidades.

A sociedade precisa de talentos de cada um: de cientistas que saibam conceber instrumentos e resolver certos tipos de problemas, de artistas e de músicos que imaginem obras que correspondam às nossa necessidades estéticas e expressivas. Estas são algumas das diferenças que existem entre grupos de pessoas e que estão protegidas pelos princípios dos direitos humanos. Os professores também podem explicar que existe, diferenças entre os grupos humanos originários de diversos países do mundo. Os seres humanos têm costumes e línguas diferentes, porque as condições geográficas e históricas são diferentes. Esta variedade da identidade e da experiência humanas constitui um imenso recurso para toda humanidade. Permite-lhe escolher vias diversas para realizar as mesmas finalidades e responder às mesmas necessidades.

Depois de tem exposto estas idéias, os professores podem incitar ao alunos a explorarem as diversas veias que os seres humanos escolhem para responder às mesmas necessidades, utilizando contos, ilustrações, lições de história e de geografia etc.

O conceito de Diversidade Cultural, atributo da humanidade protegido pelos direitos humanos, é assim valorizado. Os conceitos de universalidade e de diversidade são essenciais para a proteção e a realização da dignidade humana.

Os contos oferecem inúmeras possibilidades de fazer com que as crianças compreendam que a terra, que fornece os alimentos, e a água pertencem ao conjunto da família humana e devem ser preservadas; que a comunidade em que a criança vive necessita da sua participação e do seu empenho; que o respeito pelo o outro é fundamental. Essas histórias, contadas ou lidas pelo professor, podem ser depois retomadas pelos alunos, que inventarão novas seqüências.

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Sugestões para as escolas do ensino básico e secundário

A partir do 2º ciclo do ensino básico, as discussões e os debates fundamentados podem multiplicar-se. A Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Convenção dos Direitos da Criança deverão ser sistematicamente apresentadas, afixadas e tratadas como matéria de estudo.

As aulas de história, de geografia e de educação cívica oferecem múltiplas ocasiões para a organização de explicações e de discussões de ordem interdisciplinar. É possível introduzir o ensino dos direitos humanos na maioria das disciplinas escolares. Apresentam-se algumas sugestões que exemplificam a maneira como a questão dos direitos humanos pode ser integrada em várias disciplinas.


Matemática

A matemática é uma matéria particularmente adequada para tratar dos problemas dos direitos econômicos e sociais, de certos direitos culturais e de alguns direitos específicos, tais como os direitos da criança.

A propósito dos direitos culturais, as estatísticas de alfabetização, alfabetização, as taxas de escolaridade ou ainda de acesso ao ensino superior, através de tabelas ou gráficos, podem ser objeto de estudo. A comparação entre os homens e mulheres pode ser introduzida neste domínio para ilustrar o fato de o sexo poder ser um obstáculo à realização plena dos direitos.

Essas estatísticas podem ser utilizadas para calcular a percentagem de cidadão, por país e por região, que tem acesso à informação. Os professores podem indicar que os direitos culturais serão simultaneamente ligados aos direitos culturais econômicos e aos direitos políticos. As estatísticas fornecidas pela ONU ou pelas suas agencias especializadas, como a UNESCO, a UNICEF, a OIT ou a OMS, poderão ser exploradas neste sentido. Os professores podem fazer notar aos alunos que a recolha e a divulgação dessas informações essenciais constituem uma das funções vitais das Nações Unidas, um dos meios de realizar os direitos humanos.

Os direitos econômicos, o direito ao trabalho e a uma remuneração justa podem dar a oportunidade de comparar e de analisar gráficos sobre o emprego, segundo o sexo das pessoas e segundo a sua pertença étnica. Da mesma forma, podem ser feitas comparações e utilizados esquemas para mostrar as diferenças, calculadas em percentagens, existentes entre diferentes categorias da população.


Informática

O professor pode, nesta área, escolher um conceito ligado a um direito humano e procurar informações neste domínio na Internet, Os estudantes podem também escolher um país e estudar a sua situação a nível dos direitos da pessoa. Acabada esta primeira fase da pesquisa, poder-se-á apresentá-la à turma. Através da discussão, a turma poderá formular respostas e colocá-las na Internet. Uma turma pode escolher um domínio dois direitos humanos e criar o seu próprio endereço para comunicar com outros estudantes sobre este assunto. Podem analisar-se todas as respostas recebidas e formular conclusões gerais sobre as opiniões dos estudantes de outras partes do mundo no que se refere ao assunto escolhido. Podem eventualmente decidir fazer ações de acompanhamento ou iniciar um intercambio na Web.


Literatura

Todas as gerações e categorias de direitos podem ser integradas nas aulas e nas lições de literatura, em língua materna e em literatura estrangeira; a literatura é particularmente útil para apresentar as origens dos conceitos e dos princípios dos direitos dos seres humanos, a experiência das sociedades atuais, e para descrever as condições que levaram a humanidade a promover categorias especificas de direitos.

Foram freqüentemente as novelas e os romances que contribuíram para a tomada de consciência das injustiças perpetradas contra grupos específicos de pessoas, com a escravatura, o trabalho infantil, a discriminação em relação às mulheres.

Os professores podem promover a leitura de obras quer na sua totalidade quer sob forma de excertos escolhidos. Podem ser feitas seleções de obras a partir da literatura de cada país. Por outro lado, alguns títulos alcançaram um valor literário universal e estão disponíveis, em tradução, numa grande variedade de línguas: Os Miseráveis, de Vitor Hugo (França), Oliver Twist, de Charles Dickens (Inglaterra) A Cabana do Pai Tomas de Harriet Beecher Stowe (Estados Unidos da América, Os Dias da Birmânia, de George Orwel (Inglaterra) e Chora, Meu País Amado, de Alan Paton (África do Sul) são agora grandes textos clássicos.

No mundo árabe, alguns autores opuseram-se, de maneira pungente, as injustiças políticas econômicas. Podemos por exemplo citar.

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