Sociedade dos Poetas Vivos

Manifesto Janduís

Manifesto Janduis
Paulo Augusto
1:15’
No ano da graça de 1998, quando se
comemoram os 50 Anos da Declaração dos Direitos Universais da Pessoa
Humana, o Centenário do historiador e ícone da cultura ??potiguar Luís da
Câmara Cascudo, às vésperas do 4º Centenário da Cidade do Natal e no
âmbito dos festejos dos 500 Anos do Descobrimento, a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do
Rio Grande do Norte, congregando poetas, pensadores, artistas,
criadores, produtores e apreciadores da arte e da cultura, em geral, vem a
público manifestar impressões que configuram um estado de espírito
dessas categorias diante do momento sociopolítico e cultural vivenciado
no Estado do Rio Grande do Norte, muito particularmente no que respeita ao
seu mister e às suas responsabilidades.
Fundada com o propósito maior de
aglutinar os trabalhadores da cultura do Rio Grande do Norte, visando
oferecer estímulo e subsídios para a consecução de suas práticas
intelectuais, a Sociedade dos Poetas Vivos do Rio Grande do Norte, no seu
primeiro ano de existência, torna público, para registro histórico, o
desconforto com a constatação do marasmo administrativo e crescente
desvirtuamento dos órgãos oficiais mantidos com os proventos do Erário,
fruto do esforço do conjunto dos trabalhadores potiguares.
Considera-se como ponto pacífico,
pelas práticas das seguidas administrações da riqueza pública, nos níveis
do Estado e do município, o deliberado alheamento dos gestores no que diz
respeito a uma Política Cultural democrática e socializadora dos bens
simbólicos, furtando-se de propiciar à comunidade potiguar o usufruto da
cultura como gênero de primeira necessidade, tendo em vista a ausência
de qualquer programação cultura??l voltada para a maioria da população.
Restrita a grupos e estratos selecionados do nosso edifício social, com
benefícios freqüentes para um segmento já privilegiado da hierarquia da
nossa sociedade, a negligência com a pauta cultural chegou ao ponto de
materializar-se na extinção, com votação e aprovação da Câmara
Municipal de Vereadores, do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Profinc),
no decorrer da atual administração.
A Sociedade dos Poetas Vivos e Afins se
dispõe, na medida em que evidencia a inconveniência desse comportamento,
oferecer alternativas e solicitar o apoio dessas instâncias
administrativas, a fim de colaborar na realização de um programa
cultural solidário e de livre acesso, que contemple, em especial, as
camadas mais desfavorecidas da população.
Sem pretender assumir o papel inerente
ao gestor público, que compete aos governos, em seus níveis estadual e
municipal, a entidade se oferece para atuar como um Fórum Permanente de
escuta e avaliação, na categoria de Organização Não-Governamental
(ONG), apreciando as possibilidades para oferecer visibilidade à produção
dos artistas locais, em todo o território norte-rio-grandense, operando
numa via paralela aos órgãos públicos já estabelecidos, mas em
sintonia com os desejos e aspirações da comunidade de criadores, em
especial, dos menos favorecidos.
Assim é que a Sociedade dos Poetas
Vivos e Afins d??o Rio Grande do Norte proclama a pretensão de localizar
sua sede nas dependências do Palácio da Cultura, com o estabelecimento
de estreitos vínculos com a rede de ensino estadual e municipal, com a
manutenção de uma via de comunicação permanente com os Núcleos da
entidade instalados nos bairros e municípios, dando existência a um
Conselho Popular de Cultura;
E, ainda, a criação de um periódico
para a divulgação de suas programações e atividades, aberto a colaborações
de entidades e associações congêneres em todo o território nacional; a
realização de oficinas e seminários, recitais, saraus e exposições,
em caráter interno, externo e itinerante; apresentação de uma programação
que ocupe o Palácio da Cultura nos sábados, domingos e feriados; manutenção
de rodas de leituras de produções locais e nacionais; concursos para
todos os gêneros e especialidades; manutenção de um Núcleo de História
Oral; criação das Bibliotecas de Bairros; e criação da Rádio e da TV
Comunitárias.
O presente Manifesto Janduís, representando um marco de resistência, nas
limitações de sua apresentação, deixa consignado o compromisso de
manter a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte como
instância receptora e estimuladora das aspirações do artista e do homem
norte-rio-grandense, com o firme propósito de oferecer ferramentas, através
da cultura, para a busca do equilíbrio e da harmonia no convívio dos que
constroem e preservam o Estado do Rio Grande do Norte.
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1º de Agosto de 1998
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