
PRUDÊNCIA
Não expor o dedo machucado
Ou
tudo vai bater nele. Nunca se queixe dele, sempre mira malícia
onde nos dói ou enfraquece. Mostre-se melindrado e irá apenas
encorajar os outros a fazerem troça de você. A má intenção
está sempre à cata do modo de lhe pregar uma peça. Usa a
insinuação para descobrir onde dói, e conhece mil truques
para cutucar as feridas. Nunca o atento se dê a conhecer, nem
exponha os problemas, tanto pessoais quanto herdados, pois até
a sorte às vezes gosta de nos ferir no ponto nevrálgico.
Sempre vai direto à carne viva. Por isso não deve revelar o
que o flagela e o que o reanima, para que o primeiro não dure e
o último não termine.
Aforismo
Nº. 145 de Baltasar Gracian (1647) In
A arte da
Prudência
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