
Salomão
na Magia
Magia e os
poderes do ser humano
Definição e escolas principais
A crença na
realidade dos poderes mágicos do ser humano é um fator comum a todas as
culturas. Não há povo, tribo ou civilização, desde os primórdios da
história até os nossos dias, que não traga o relato de pessoas
especiais ou possuidoras de segredos e técnicas que os tornam capazes de
operar efeitos surpreendentes ou mesmo aparentemente impossíveis.
A Magia, de um
modo geral, nada mais é do que a arte de causar EFEITOS VISÍVEIS a
partir de CAUSAS INVISÍVEIS. O Mago, a bruxa ou o pajé são, portanto
"colegas" de ofício, já que as leis mágicas pouco diferem
entre si, apesar das diferenças culturais.
O uso concentrado
e determinado do pensamento, da emoção e da vontade constitui o material
básico que permite ao Mago atingir os efeitos que procura. No entanto,
para que esses conteúdos interiores tornem-se mais efetivos, são
apoiados em sinais físicos, concretos, surgindo assim uma infinidade de símbolos,
ritos e métodos específicos.
Devido a seu
potencial perturbador da Ordem Social, a Magia na Antigüidade ficava
restrita à classe sacerdotal. O acesso aos Arcanos da Natureza era
considerado um processo sagrado, sendo minuciosamente regulado. Também é
importante observar que, muitas vezes, o acesso à própria escrita era
também restrito aos Magos e Sacerdotes, categorias que muitas vezes
confundiam-se em uma só.
A Magia apresenta
uma série de conceitos básicos, idênticos ou muito semelhantes entre
si. Os Magos postulam que o Ser Humano possui uma capacidade inata para o
exercício da Magia. Essa capacidade, modernamente, recebeu o nome de função
psi, conhecida há milênios e também chamada de manas, ju-ju, od, vril,
gri-gri, axé...
"TUDO TEM
A VER COM TUDO"
Outro conceito
importante é o da unidade de todas as coisas em um outro plano, mais
sutil, no qual trabalham os Místicos e os Magos. Esse campo, conhecido
por alguns como PLANO ASTRAL, corresponde, em linhas gerais, a um conceito
moderno de INCONSCIENTE COLETIVO, embora englobe muitas outras derivações.
Por exemplo: é através desse plano que os Magos podem ver cenas futuras
ou passadas como se estivessem próximas.
Outro dado importante, e que também extrapola os limites do inconsciente
coletivo, é o de que nesse "mundo" os Magos se encontram,
convivem e até duelam.
O QUE É A
MAGIA?
Magia, imagem,
imaginação:
A noção de que todos os seres e coisas da natureza integram um Todo
articulado e coerente entre si, nos traz o terceiro conceito essencial
para que se compreenda o que é a Magia: A LEI DA ANALOGIA. Esta Lei Mágica
nos propõe que tudo no mundo possui um valor simbólico natural, intrínseco.
Assim, por
analogia:
PARA OS MAGOS, O SOL NO UNIVERSO...
O CORAÇÃO PARA O HOMEM...
O LEÃO ENTRE OS ANIMAIS...
O OURO ENTRE OS METAIS...
E O DIAMANTE ENTRE AS PEDRAS...
... EXPRESSAM uma energia semelhante, cada um em seu REINO.
Essa concepção
deriva da relação entre o Microcosmo (o Ser Humano) e o Macrocosmo, pela
qual o Homem representa no plano físico todas as Potências Espirituais.
Assim, cada um é
um universo único, singular, mas possui de forma potencial todos os
poderes do Cosmo e da própria Divindade.
Além dessas,
outra lei universalmente reconhecida entre os Magos de todos os tempos é
a de que é imprescindível optar por uma das Forças: da LUZ ou das
TREVAS. Mesmo nos raros casos em que a dualidade sobrexiste, há sempre
uma tendência
predominante, persistindo um antagonismo inevitável. Apenas hoje em dia
começaram a surgir, pelo influxo de novas concepções filosóficas,
escolas mágicas que propõem a unificação das duas Forças, numa visão
não - dualista da Existência.
Escolas
Principais
Como qualquer outra forma de Arte e principalmente por ser muito antiga, a
Magia ramificou-se em uma infinidade de escolas e linhas distintas, de
forma inumerável.
Modernamente salientam-se algumas pelo seu caráter filosófico singular
ou pelo expressivo número de seus adeptos.
Inglesa
A Escola Inglesa apresenta três correntes principais de grande importância
na História da Magia. A mais antiga é a escola dita enochiana , a partir
dos trabalhos do célebre mago John Dee (1527-1608)e de seu discípulo
Edward Kelley, que levaram a cabo uma série de operações mágicas que
culminaram com a descoberta, através de anjos, de uma poderosa linguagem
mística que seria o próprio idioma angélico, ou enochiano. Suas obras e
os alentados tratados que legaram continuam sendo objeto de intensa
pesquisa e experimentação por parte dos Magos ainda hoje.
Magia Wicca
Outra escola inglesa clássica de grande relevância é a da Magia Wicca,
que também apresenta divisões. De modo geral, trabalha com o culto às
Forças da Natureza através dos Antigos Deuses pagãos: a Grande Deusa-Mãe
e o Grande Deus Chifrudo Cernunnos, que não se confunde com o Diabo, como
querem alguns de seus detratores. A Wicca resgata os valores, ritos e
instrumentos da antiga magia medieval e mesmo pré-cristã, de marcada
influência celta.
Os ciclos lunares, bem como os equinócios e solstícios, desempenham
papel fundamental nessa escola. Também são essenciais as datas específicas
do culto, relacionadas com o ciclo das Terra e das colheitas.
As antigas sacerdotisas, para burlar a repressão, transformavam os próprios
apetrechos domésticos em instrumentos mágicos, como a célebre vassoura,
o caldeirão, a colher de pau, a faca, a corda, etc. Hoje em dia é uma
das correntes mais atuantes dentro da Magia Moderna.
Crowley
A mais moderna dentre as linhas da escola inglesa é também a mais
radical. Deriva diretamente das obras de Aleister Crowley (1875-1947), um
caso à parte na História da Magia. Auto-intitulado "A Besta do
Apocalipse", devido à sua irredutível orientação anticristã,
Crowley integrou e fundou algumas das mais poderosas sociedades secretas
de seu tempo, como a Golden Dawn, na Inglaterra, a qual transformou
completamente imprimindo a sua marca pessoal; e a O.T.O. , "Ordo
Templi Orientis", grupo alemão de magia sexual de grande importância
no cenário ocultista da época.
Em suas inúmeras
obras, tais como "Magick", "777"e "O Livro da
Lei", Crowley propôs uma nova visão da Magia e do papel do Homem no
Universo. Apesar de sua intensa crueldade pessoal e de uma trajetória
cheia de incidentes sinistros, Crowley deixou um legado cultural
fundamental para aqueles que procuram entender como a Magia pôde adentrar
o século XX como uma forma ainda válida para compreender o mundo.
França
A chamada escola francesa também lança raízes profundas no tempo. Desde
o famoso alquimista Nicholas Flamel (1330-1418) e o legendário Michel de
Notredame (1503-1566), até toda uma longa geração de "grimoires"
(grimórios), livros quase sempre apócrifos com símbolos, encantamentos
e receitas mágicas quase sempre macabras, dificílimas, grotescas ou tudo
isso ao mesmo tempo.
Dentre esses sobressaem-se "Le Grimoire de Honoire", atribuído
talvez falsamente a um Papa do séc.XIII e "Le Grand Albert", ou
"Le Dragon Rouge" e "Le Petit Albert", atribuídos errôneamente
a Alberto Magno.
Alta
Magia
Também merecem destaque o "Heptameron", de Pietro de Abano e o
"Lemegeton", suposta obra do próprio Rei Salomão. Toda essa base
histórica lançou as sementes para o florescimento, no séc. XIX, da
chamada Alta Magia, a partir dos trabalhos de Papus, Eliphas Levi, Stanilas
De Guaita, Josephin Péladan e Saint-Yves D'Alveydre. Integrados entre si
por identidades doutrinárias ou por vínculos de mestre e discípulo, esses
autores propõem uma visão eticamente orientada, enfatizando a importância
do Mago alinhar-se com as Forças da Luz.
O apelo aos anjos católicos,
à Jesus e mesmo à Virgem Maria não era descartado. Ainda hoje existem muitos
adeptos dessa linha em todo o mundo.
A Grade Chave
de Salomão:
O texto essencial de evocar, proteger e prender espíritos de todos os gêneros,
creditado a Salomão, o Sábio, mas este livro foi muito alterado de edição
para edição, perdendo muito de sua versão original.
O Lemegeton -
A Chave Menor de Salomão:
Uma completa descrição judaico-cristã de anjos e demônios, alem de ritos
para evoca-los.
Escolas Orientais
Muitas escolas orientais também influenciam o moderno pensamento mágico e
constituem uma importante corrente filosófica dentro das Ciências Ocultas.
Dentre elas sobressaem-se algumas, principalmente as linhas Tântricas, que
utilizam magia, sexo e meditação de forma integrada para atingir as
transformações interiores desejadas.
Tantra
Originárias da região da Cachemira, na Índia, as seitas tântricas remontam a
tempos imemoriais e propõem uma visão do mundo baseada no culto ao Deus Shiva
e às forças femininas da Natureza, principalmente à Shakti, a força sexual
feminina que permite ao adepto e sua parceira cavalgar o êxtase e abraçar os
mundos!
Divisão
De forma geral divide-se em duas linhas: a da "Mão Esquerda", que
trabalha com práticas sexuais concretas e a da "Mão Direita", que
utiliza materiais simbólicos como mandalas e mantras para evocar a energia
sexual do Cosmo.
O ponto comum entre
elas é o trabalho sobre a Kundalini, o poder sexual que jaz mais ou menos
adormecido em todo ser humano. As doutrinas Tântricas constituem um importante
elemento incorporado pelos Magos modernos.
Linhas Africanas
Com a dispersão dos escravos negros pelo mundo, suas crenças nativas
adquiriram diferentes matizes e deram origem à vários tipos de religiões.
Como um ponto comum
entre elas temos o caráter da Possessão, fenômeno psíquico no qual os deuses
ou outras entidades manifestam-se no plano físico através dos fiéis.
Nas Antilhas,
principalmente no Haiti, originaram o Vodu, marcado por seu potencial mágico
extremamente forte e mesmo agressivo. Tribos de outras regiões da África
originaram, principalmente no Brasil, a Macumba e suas derivações: a Umbanda e
a Quimbanda.
Apesar das diferenças,
todos esses cultos são caracterizados por uma atitude de familiaridade com as
divindades e de resistência à opressão social que atinge os devotos, quase
sempre oriundos das camadas mais desfavorecidas da sociedade. Devido à sua
natureza de resistência social e de apoio aos oprimidos, são cultos que
preservam intensamente os seus segredos e suas técnicas.
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