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Crítica

OPINIÕES DO PÚBLICO A RESPEITO DO ESPETÁCULO “O MALA DA ARTE"

LOCAL: ACOPIARA – CE

DATA: 27 E 28 DE JULHO DE 1998.

 

1.-     “Aconteceu um espetáculo de rua (calçadão sucesso), nome do espetáculo: “O Mala da Arte”, foi muito rico e muito interessante. Os atores conseguiram prender a atenção do público com o enredo, o figurino, e maquiagem, etc... as pessoas foram naturalmente parando para saber  o que ia acontecer.”

J. Guedes ( Radialista, ator e diretor do Grupo Acopiara Teatro Amador – ATA)

2.-     “Profunda, resistente e traz a tona a vontade de prestigiar a arte popular”

                   Antônio Juscelino – Trairí

 

3.-    “Sempre acompanhei alguns espetáculos, mais este misturou arte/alegria/tristeza e verdade. Sentimentos presentes na vida cotidiana do povo, que ficarão na minha mente e no meu coração.”

                   Milda Noronha – Acopiara-CE

 

4.-    “Foi uma experiência valida não só para o teatro como também para a vida! “

                Orlangelo – Itapipoca

CARTA ENVIADA PELO DIRETOR E PROFESSOR DE TEATRO DA UNICAMP – CAMPINAS – SP, CELSO NUNES, QUE ASSISTIU E DEBATEU O MALA DA ARTE NO V FESTIVAL DE TEATRO DE GUARAMIRANGA – 98

“Meu caro artista

É com prazer que te escrevo. Antes de mais nada para congratular-te pelo prêmio justamente recebido no recente Festival de Teatro Nordestino de Guaramiranga e, depois, para dizer-te que muito apreciei conhecer o trabalho desenvolvido pelo Projeto Cervantes do Brasil.

Sabemos que o teatro floresceu muito na época do grande Miguel de Cervantes a ponto se  integrar completamente nas atividades culturais que nos permitem ver aquela época como O Século de Ouro. E foi para mim uma grata surpresa constatar que as premissas teatrais daquela época ( o poeta dizia “para fazer teatro eu só preciso de 4 tábuas e uma paixão – significando 4 tábuas um pequeno praticável) continua vivas no teatro de rua que teu grupo apresentou. Aliás vocês trabalham com a pura paixão, não necessitando nem mesmo do pequeno praticável!

É disso também que vive o teatro brasileiro: humor, lucidez e esperança. Sem o quê as necessárias mudanças sociais a que todos aspiramos tornam-se difíceis.

Parabéns a você e a todos do Projeto.

Um forte abraço.

Celso Nunes

Diretor e Professor de Teatro

Fundador do Depto. De Artes Cênicas da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas – SP.

 

COMPANHIA TEATRAL  ARTE VIVA

RELEASE PARA O JORNAL TRAIRY – SANTA CRUZ – RN

ARTE VIVA

ANJOS OU DEMONIOS DO PARAÍSO?

O ano de 1989 foi sem dúvida bastante marcante para a população do bairro do Paraíso, em Santa Cruz, acostumada e calejada com o desprezo político, sem mais contar com a beleza, a alimentação e o espaço de lazer do já poluído rio Trairi. Em meio a essas mazelas e tantas outras geradas pela falta de saneamento básico, política de urbanização, escolas de qualidades e tantos outros serviços essenciais para a comunidade, surge um grupo artístico formado por jovens do bairro, tendo a frente o ator e diretor Messias Domingos, dando início a hoje conhecida nacionalmente Cia. Teatral Arte Viva.

Neste 10 de atuação constante, o Arte Viva tem representado culturalmente o município de Santa Cruz  e o Estado do Rio Grande do Norte, em todo território brasileiro, encenando vários espetáculos envolvendo diversos temas, destacando os ligados a educação em saúde, mobilização pelas matriculas e mais recentemente a montagem junto com o CERVANTES do Brasil, da peça teatral de rua “O Mala da Arte”, que conquistou no últimos festival de teatro de Guaramiranga – CE, o mais importante evento teatral do Nordeste, o prêmio de Melhor Ator pelo desempenho de Júnio Santos no personagem Pedro Malazartes.

Este grupo, que em pouco tempo conquistou espaços fora do município, tendo tido sucesso na 50º SBPC realizada em Natal em 1998 e sido convidado pela diretoria do Teatro José de Alencar, em Fortaleza, para coordenar e se apresentar na festa em comemoração ao dia do teatro em 27 de março de 1999, durante uma certa época ficou a margem da nossa sociedade, sendo por alguns considerados os demônios e por outros, principalmente os menos favorecidos, os anjos do Paraíso, principalmente devido a forma simples de atuação e contestação, onde em seus textos e espetáculos deixa claro a sua origem, sonho e luta, demonstrado com muita clareza nos atrevidos versos de uma de suas músicas, que diz:

“Senhores da burguesia

Senhores da dominação

O Arte Viva é uma batata quente

Que colocaram na sua mão”.

 

VIVA AO TEATRO

VIVENDO A ARTE VIVA!

 

27 DE MARÇO DIA DO TEATRO

Tópicos para um discurso

 

Após as saudações iniciais

 

Neste 27 de março o Brasil e o mundo comemora o dia do Teatro. Essa arte que nasceu da necessidade urgente do homem, que ser seja de sobrevivência retratado pela caça aos lobos, de festa pela comemoração pelo sucesso da caçada, pelo ritual de adoração aos deuses primitivos e/ou pela emergente necessidade de comunicação interpessoal. Desta forma nós comprovamos e mais uma vez afirmamos que o teatro nasceu por necessidade de vida e de arte.

Já na avançada civilização Grega, mais propriamente em Atenas, berço da democracia, o teatro era considerado como essencial ao homem, quer seja nos cultos ao deus Dionisos  nos festivais Dionisíacos, realizados no período da Vindima, colheita da uva ou pela rápida ascensão dos dramaturgos e comediógrafos que passavam a ocupar cargos de grandes importâncias no Governo Grego.

Com o tempo vemos que a força do teatro cresce tanto que até a igreja católica medieval com temor da sua popularidade, passa de entidade apoiadora a entidade perseguidora, perseguindo os grupos e artistas, banindo-os das cidades, matando-os com as falsas acusações de quem eram bruxos, porém sem conseguir acabar com esta prática que passou a ser apresentada nas periferias e feiras, fugindo quando necessário mas mantendo seu brilho e disposição, passando a partir desse momento os atores e grupos a serem chamados de mambembes.

Mas a história mostra que esse equivoco da Igreja com o passar do tempo é reparado tendo a Igreja passado não somente a apoiar a prática do teatro, como também, passa a usa-lo no processo de catequese principalmente no período referente as conquistas, como registrar na história do Brasil as ações coordenadas pelo Padre Anchieta da Companhia dos Jesuítas.

O certo é que o teatro se mantém vivo na história e com  momentos marcantes, tais como; a Commédia Del’art que nasceu no sul da Itália e teve seu grande apogeu na França, onde despontou o autor teatral Molliere e perdura até hoje nas nossas representações, principalmente nos grupos populares de rua; o Teatro de Ouro Espanhol, que deixou para a humanidade textos criados por importantíssimos autores como Miguel Cervantes e Lopes de Vegas; O teatro Elisabetano e as imortais obras de Shakespeare; o Teatro do absurdo que tem com preconizador o gaúcho Corpo Santo e se espalha pelo mundo com textos de Ionesco e Fernando Arrabal, o Teatro Epíco do alemão Bertold Brecht combatendo com veêmencia a ascensão do Nazimos de Adolfo Hitler, o Teatro Lúdico do espanhol Federico Garcia Lorca, colocado como verdadeira oposição a ditadura de Franco na Espanha.

 Assim,  tragédias, comédias, farsa, autos e tantos outras variações povoam as nossas vidas, mostrando em  cenas, coisas e fatos que muitos vezes não conseguimos discutir, haja visto o teatro engajado brasileiro, que durante a repressão militar desempenhou um papel de fundamental importância na defesa dos direitos humanos e no combate a tirania.

É esse o teatro que nós hoje queremos parabenizar pelo seu dia, um teatro cheio de  força com o sangue quente correndo nas veias, falando e defendendo, sem medo, os interesses do povo, dos menos favorecidos. Um teatro que tenha pulsar, cor e coragem, servindo de instrumentos para alavancar transformações e construir um Brasil mais justo e mais fraterno.

Com esta palavras saúdo todos aqueles que resistem aos preconceitos, principalmente das elites dominantes, e que no nosso município, ainda com muito pouco incentivo, quer seja por parte do poder público dos empresários e da sociedade de uma forma geral, resistem bravamente e não dão tréguas hasteando sempre mais alto a bandeira e o estandarte dessa arte maravilhosa.

Palmas para os nossos grupos e artistas do Aracati, no qual  em nome do Grupo Lua Cheia de Teatro e seu grande líder Marciano Ponciano, do Frente Jovem e sua Paixão de Cristo, do Cervantes do Brasil e Júnio Santos, do Grupo Teatral Bailado das Artes e seu maior articulador Genildo Calheiros, do Teatro de Bonecos Francisca Clotilde e o Hélio Santos, do Grupo Cenas e Lúcio Reis, do Grupo Bufões do Marista, do Grupo da Escola Municipal e seu grande incentivador Irmão Eduardo Amorim, em nome desses todos parabenizo todos os valentes e arrojados fazedores de teatro do nosso município, do Brasil e do Mundo.

Feliz  27 de março, dia do Teatro!

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