
A
fila para os cumprimentos à promotora Mércia Albuquerque Ferreira,
ao final da sessão solene, que lhe deu o Título de Cidadã do
Recife, quinta-feira (5), na Câmara, era a prova inconteste
do reconhecimento de todo o trabalho prestado por ela, em defesa
dos presos políticos durante a ditadura militar.
O vereador
e presidente da Casa, Dilson Peixoto (PT), autor da iniciativa,
disse em seu discurso de saudação, que “essa é uma comenda para
as pessoas que não nasceram aqui, mas que têm se destacado ao
longo de suas vidas com uma contribuição à história de nossa
cidade. Para a jovem Mércia, teria sido muito mais fácil apenas
estudar e fazer de conta que nada acontecia no País, do que
lutar contra a arbitrariedade instit???•?a??5?G¨???´uída, arriscando, muitas
vezes, a própria vida. Recife ganha mais uma filha, e nós estamos
resgatando o que há de mais puro e mais digno da nossa história,
para replantar o futuro”.
Com
as galerias e plenário lotados de convidados, amigos e representantes
de órgãos públicos e entidades de defesa dos direitos humanos,
a advogada nascida em Jaboatão dos Guararapes, comoveu os presentes
com seu discurso, quando lembrou as barbaridades praticadas
contra o comunista Gregório Bezerra, nas ruas de Casa Forte,
arrastado por cordas amarradas ao pescoço, presas num carro
do exército, em 02 de abril de 1964. “Um acontecimento que me
marcou definitivamente a alma, provocando uma enorme reviravolta
na minha vida. A rebeldia juvenil se reascendeu em meu espírito,
levando-me à decisão de fazer alguma coisa por aquele velho
guerreiro”. A partir de então, Mércia não mediu forças para
defender presos e perseguidos políticos, mesmo sofrendo represálias,
prisões e sequestros, pelos patrocinadores da repressão. “Hoje,
minha saga é defender os encarcerados e excluídos sociais”,
sentenciou a promotora.