A bem da verdade
Quando do golpe
de 1964, meus filhos mais novos Ana, Sara, e Abelardinho, o último Iuri
tinha apenas 2 anos, estudavam no grupo escolar José Maria em Santo
Amaro, com minha irmã Lourdes Lucena que de lá era professora. Dias após
o golpe, a diretora da escola levantou a possibilidade da permanência
daquelas crianças, filhas de Abelardo da Hora, um preso político em
evidência, trazer problemas para as outras crianças. Minha irmã teve
um atrito e disse à diretora, “elas são também sobrinhas do
prefeito Augusto Lucena”. Para não trazer maiores desgostos, a minha
irmã retirou os meninos da escola. Mércia, advogada, de esquerda,
amiga de Abelardo e também minha amiga, com aquela solidariedade que
lhe foi peculiar naquela época difícil, com todos os amigos, muitas
vezes se arriscando, e é sua até hoje, ofereceu-se para ensinar os
meus filhos, sem nenhuma vantagem material, ou presentes de nossa parte
e o fez com carinho e dedicação de uma mãe, durante todo o ano de
1964.
Margarida
Lucena da Hora.
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